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LEIBNIZ – A MONADOLOGIA
BIBLIOGRAFIA
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA – Manuel Garcia Morente – Edit. Mestre Jou
NOÇÕES DE HISTORIA DA FILOSOFIA – M P São Marcos – Edit. FEESP
50 GRANDES FILÓSOFOS – Diane Collinson – Editora Contexto
SITE www.mundodosfilosofos.com.br/leibniz
REFLEXÃO
A MONADA É O PRINCÍPIO INTELIGENTE?
A mônada é um termo que nasceu na antiguidade onde o neo-platonico Plotino já o utilizava. No Renascimento, Giordano Bruno difundiu o termo pela Europa e em seguida foi tratado de forma mais sistemática e conceitual por Leibniz. Muitos na Doutrina Espírita se utilizam da expressão mônada,
mas Kardec, já falava num principio inteligente. Outros pensadores espíritas buscam conceituar esse princípio e investigar filosoficamente. Haveria diferença entre o conceito espírita e o leibniziano de mônada?
TEMA
(Tempo)... ”Depois que o barco afunda, há sempre alguém que sabe como ele poderia ser
salvo"
1ª PARTE: OBJETIVO DESTA AULA
Esta aula tem por objetivo aprofundar nossos conhecimentos sobre o filósofo Leibniz que também foi matemático e diplomata. Foi ele que deu consistência e investigou filosoficamente a Mônada através do seu trabalho denominado Monadologia.
2ª PARTE: INTRODUÇÃO
Leibniz nasceu no final da Guerra dos 30 Anos (1618 a 1648 – guerra político-religiosa na Europa Central envolvendo Alemanha, França, Suécia, Espanha) catástrofe que fizera da Europa um campo de ruínas e da vida humana um caos. A época era própria para entrechoques nacionalistas. Leibniz era homem de equilíbrio e humanista como Goethe e Schweitzer. Tinha uma característica universalista acima dos estreitos e descontrolados parcialismos nacionais. Toda filosofia de Leibniz revela um sensato centralismo, eqüidistante dos extremos. No aspecto religioso conflita com o sectarismo eclesiástico que lhe taxa de herético. Leibniz foi muito hostilizado por ser opositor do nacionalismo e sua perspectiva de uma sociedade universal. Leibniz apresentava um ecletismo próprio de fundo racional (Ecletismo – uma doutrina surgida no século XIX – uma síntese ou amálgama de várias correntes filosóficas).
3ª PARTE: LEIBNIZ – VIDA E OBRAS Guilherme Leibniz nasceu em Leipzig (região central da Alemanha) em 1646 numa época em que a nação germânica era um aglomerado de reinos, principados e ducados. Período de efervescência político-religiosa entre católicos e protestantes. Foi jurista, diplomata, historiador, filósofo, teólogo e matemático. Filho de um jurista e professor de Filosofia na Universidade de Leipzig. Grande admirador de Espinosa estando junto a este e com outros grandes pensadores de sua época como, o filósofo Malebranche, o teólogo e filósofo Arnauld, o físico holandês Huygens e em Londres com o grande físico-matemático Newton. Apesar de sua humanidade e universalidade era tido como esnobe e arrogante. Fez tentativa para a união das igrejas católica e protestante bem como para a federalização política das nações cristãs. No campo científico-matemático destacou-se na descoberta do cálculo infinitesimal. Esta autoria lhe rendeu grandes dissabores na disputa acirrada com Newton. O seu gênio indomável e autônomo lhe confere uma vida profissional cheia de altos e baixos fazendo por um lado contatos diplomáticos com Luiz XIV e por outro encerrando seus dias como bibliotecário de um nobre em Hanover. Veio a falecer nesta cidade em 1716 aos 70 anos de idade. Sua mais notável obra é a Monadologia onde expõe seu trabalho que o imortifica na Filosofia. É contra o empirismo de Locke (Ensaio sobre o Intelecto Humano) escrevendo Novos Ensaios Sobre o Intelecto Humano. Uma terceira obra de caráter teológico-religioso foi Teodicéia. Descartes, Espinosa e Malebranche influenciaram muito o pensamento de Leibniz. Portanto considerado um componente da escola racionalista.
4ª PARTE: A METAFÍSICA LEIBNIZIANA – A MÔNADA
Enquanto René Descartes afirmava que a realidade consistiria fundamentalmente em duas substancias, a res cogito e a res extensa, Bento Espinosa sustentava a existência de somente uma substancia. Leibniz advogava a causa de infinitas substancias (partículas) – as monadas. Cada monada carrega no interior de si mesma, desde a sua criação, a potencialidade de tudo o que ela poderá vir a ser. A palavra Monada quer dizer unidade e para Leibniz a estrutura metafísica do mundo é a mesma das monadas, ou seja, o macro-cosmo sendo representado no micro-cosmo. As monadas são substancias simples constitutivas das coisas metafísicas. Ela é para Leibniz o que o átomo era para Demócrito com a diferença de que a monada não era considerada unidade material, mas imaterial ou energética. São indivisíveis, incomunicáveis (nada recebem de fora nem entre si – também nada fornecem ao exterior) e combinam-se formando coisas mais complexas. Elas não têm relações recíprocas: “as monadas são sem janelas”. A monada é aquilo que tem força, que tem energia. É a capacidade de agir, de atuar, portanto imaterial, como a coisa pensante, o cogito. Explicando melhor, seria o transito de uma percepção a outra percepção, de uma vivencia a outra vivencia. Essa capacidade de ter vivencia, de variar o nosso estado interior. É a atualização da sua potencialidade. Esta deve ser pensada mais como força, energia, ou mesmo vontade do que como matéria, e diferindo uma da outra, em virtude de possuírem diferentes graus de consciência. A evolução das monadas consiste em atualizar o que existe em potencial dentro delas. Elas agem sob o impulso de uma lei que lhes determina uma perfeita harmonia, sem, contudo que haja comunicação entre elas. Daí é que foi extraída a idéia da harmonia pré-estabelecida, de tal modo que quando a monada A se movimenta a monada B também se movimenta e assim as demais dentro de uma ordem, ajeitando-se por si mesmas, sem que haja comunicação entre elas. A monada possui dois atributos: percepção e apetição. A percepção é o ato de ter o múltiplo no simples. Todas as monadas são dotadas da propriedade de perceber, entretanto nem todas percebem igualmente e conscientemente. A percepção aumenta passando de um estado a outro ampliado A apetição – é a tendência que a monada possui de passar de uma percepção mais estreita para uma percepção mais ampla ao mesmo tempo em que guarda a experiência adquirida. Necessário se faz entender o conceito de apercepção que seria o saber da percepção, ou seja, a consciência do que esta percebendo.
5ª PARTE: A HIERARQUIA DAS MÔNADAS
As monadas são eternas, inúmeras e não há duas perfeitamente iguais. Elas são hierarquizadas de acordo com seu grau de percepção. Essa hierarquia forma uma imensa série ascendente, continua da ínfima até a suprema, Deus. Leibniz distingue quatro grandes ordens:
1ª) as Monadas Inferiores ou Materiais que constituem o reino mineral e vegetal dotadas de percepção e apetição somente. Isto também conhecido por percepção inconsciente.
2ª) as Monadas Sensitivas ou Almas constituindo o psiquismo animal dotadas de apercepção e memória. Leibniz, diferente de Descartes, considera que os animais tem alma.
3ª) as Monadas Racionais ou Espíritos enriquecidas de conhecimento das verdades eternas aquilo que forma as verdades de razão, a consciência reflexa. Estas representam o psiquismo humano e
4ª) a Monada Suprema, ou Deus, absolutamente perfeita, causa eficiente de todas as outras. A ordem entre elas é explicada pela harmonia pré-estabelecida, que Deus introduziu na criação. O ser humano é uma colônia de monadas de graus diversos no qual a monada central dominante é uma monada espiritual, consciente, dotada de percepção, apetição como todas as inferiores, apercepção e memória como a alma, e possuindo o inatismo leibziniano que contem as verdades de razão, unindo-se monadas inferiores inconscientes que constituem o corpo.
6ª PARTE: A VERDADE DE FATO E DE RAZÃO – A GÊNESE DA VERDADE
Leibniz aceita certos princípios fundamentais do pensamento: o princípio da contradição o qual estabelece que qualquer declaração contendo contradição é falsa e seu oposto verdadeiro; e o princípio da razão suficiente o qual assegura existir uma razão suficiente para tudo ser como é. Um tipo particular de verdade decorre de cada um dos princípios. O princípio da contradição nos fornece as Verdades de Razão que são verdades necessárias, cujos opostos são impossíveis. O princípio da razão suficiente nos fornece as Verdades de Fato que são as verdades contingentes – cujos opostos são possíveis. Como exemplo de Verdade de Razão podemos citar: o triangulo tem 3 ângulos e é impossível concebê-lo de outro modo. Os pontos de uma circunferência estão a igual distancia do centro. As verdades matemáticas, as verdades da lógica pura, as causalidades são verdades de razão. Como exemplo de Verdade de Fato, podemos citar o caso do calor que dilata corpos. É um fato cuja validade depende da experiência. O calor pode fazer emitir luz como no caso de um fio rubro. As verdades da experiência física, as verdades históricas são Verdades de Fato. Com estes conceitos firmados, podemos dizer que as Verdades de Razão são aquelas que o espírito tem a faculdade de elaborar as verdades através do raciocínio. A Razão é uma potencia que se atualiza nas próprias verdades de Razão independente da experiência, são as idéias “inatas”. Já as Verdades de Fato tem sua validade na experiência, é a experiência que as autentica.
7ª PARTE: A FORÇA VIVA E A QUANTIDADE DE MOVIMENTO
O pensamento físico-científico de Leibniz gira em torno da Força-viva que seria o que hoje entendemos por energia. Essa idéia não ocupava o pensamento de Descartes. O movimento consistia na mudança de posição de um móvel, em relação a um ponto de referencia. Tanto valia dizer que A se movia em relação a B como este em relação àquele. O que interessava à Física era simplesmente a mudança de posição. Descartes tem a convicção de que a quantidade de movimento permanece constante, mas Leibniz demonstra que a constante é a Força-viva e parece-lhe absurda a Física estática e geométrica. Um movimento não uma simples mudança de posição. Tem que ser algo produzido por uma força. Um objeto ao chocar-se com outro, força-o a se movimentar. Este conceito de força = ímpetus, cognatus, vis são palavras latinas que significam choque, ímpeto, força é o que há de fundamental na Física e também na Metafísica de Leibniz. A idéia da Natureza estática e inerte é substituída pela idéia de Natureza dinâmica e em movimento, num contraste com a Física da extensão uma Física da energia.
8ª PARTE: O CÁLCULO INFINITESIMAL
Em Leibniz desenvolve-se um ideal de conhecimento de pura racionalidade. Entre esse conhecimento (realizado na lógica e nas matemáticas) e o conhecimento das Verdades de Fato (que estão na Física) não há uma diferença intransponível. Em outras palavras, o ideal não está longe do real. Por uma série de transições contínuas, o esforço do conhecimento há de transformar as Verdades de Razão em Verdades de Fato introduzindo as matemáticas na realidade. Assim o conhecimento será cada vez mais racional quanto mais matemático for. Leibniz comprova-o com a invenção do Cálculo Infinitesimal. A descoberta desse cálculo fundamenta-se no princípio da continuidade entre o real e o ideal e sobre a continuidade que a Verdade de Fato tende para uma Verdade de Razão. Exemplos:
1- relação entre a reta e a curva a reta é uma circunferência de raio infinito
2- relação entre ponto e circulo o ponto é um circulo de raio infinitamente pequeno
3- relação entre polígono e circunferência o circunferência é um polígono de infinitos lados Vê-se que entre o ponto, reta e circulo não há um abismo de diferença, mas um ponto de vista especial gerado pela lógica e pela mais pura racionalidade.
9ª PARTE: CONCLUSÃO
Apesar de a literatura espírita tratar com certa constância o termo monada, representando o que chamamos princípio inteligente na fase pré-hominal podemos perceber que os conceitos não se equivalem integralmente. Primeiro porque na visão leibniziana o ser humano é composto de várias monadas e no conceito espírita ao homem corresponde um único princípio inteligente o qual na fase hominal denominamos Espírito. Outro exemplo é o termo Karma importado da filosofia oriental. Portanto, neste curso e dentro da Filosofia Espírita procuramos evitar o uso do termo monada para tornarmos mais claros os conceitos espíritas evitando assim introduzir pensamentos previamente concebidos e distintos daqueles próprios da doutrina.
Alan Krambeck
10ª PARTE – MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula: Livro 1 Capítulo 19 – O ILUMINISMO - KANT
Leitura para próxima aula:
NOÇÕES DE HISTORIA DA FILOSOFIA – M P São Marcos – Edit FEESP OS FILÓSOFOS – J Herculano Pires – Edit. FEESP A FILOSOFIA CONTEMPORANEA – Huberto Rohden – Edit Alvorada HISTÓRIA DA FILOSOFIA – H Padovani / L Castagnola – Ed Melhoramentos 50 GRANDES FILÓSOFOS – Diané Collinson – Edit. Contexto
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