René Descartes (1596 – 1650) chamado com toda a justiça de “Pai da Filosofia Moderna”. Foi o primeiro filósofo europeu, após a Idade Média, a situar o problema epistemológico (do conhecimento) na sua verdadeira perspectiva, antecipando toda a filosofia moderna.
O mesmo daimon que atormentava Sócrates se apresentou a Descartes como uma luz tão intensa, que não era possível suportá-la. Essa luz foi seguida do projeto de uma ciência admirável. Esses fatos foram tão marcantes que Descartes chegou a aceitar que havia sido inspirado pelo Espírito da Verdade.
Quando se fala em Descartes, lembra-se imediatamente da expressão “cogito ergo sum” (penso logo existo). Este postulado, não sujeito a demonstração, sobre o qual desenvolve toda a sua filosofia do pensamento cartesiano criado por ele mesmo que resume em: verificar, analisar, sintetizar e enumerar.
A primeira prova é a idéia de perfeição, existente no cogito, o Deus em nós; a segunda advém da própria evidência da existência da alma; a terceira é o princípio da causalidade que, aplicando às duas primeiras, demonstra logicamente a existência de Deus.
Desta forma Descartes assegura a passagem do eu para o mundo, pois assegura que a potencialidade de conhecer existe dentro do homem. Se Deus quisesse nos enganar ele poderia nos iludir, mas então não seria Deus e sim um gênio maligno imperfeito.
O mundo objetivo para René Descartes, era composto de duas substâncias, uma a “res extensa” (corpo) e outra “res cogitans” (alma). Para Descartes, como em Aristóteles, matéria é quantidade e força é qualidade.
A divisão cartesiana entre espírito e matéria, somada ao trauma das perseguições medievais, conduziu à percepção do universo como um sistema mecânico, consistindo em objetos separados, cuja teoria mecanicista está na base de toda a ciência moderna.
Descartes, brilhante matemático, afirmava: “Toda ciência é conhecimento certo e evidente. Rejeitamos todo conhecimento que é meramente provável e consideramos que só se deve acreditar naquelas coisas que são perfeitamente conhecidas e sobre as quais não podem haver dúvidas.
A bem da verdade a dúvida sobre o mundo pré existente ao mundo da época, foi provada por um outro filósofo também francês em outra época. Allan Kardec (1803 - 1869), conhecedor de aritmética, química, física e astronomia, utilizando o mesmo método cartesiano criado por Descartes, partindo do mundo abstrato (espiritual) para o concreto (físico) codificou as mais belas obras da trilogia existe: Filosofia, Ciência e Religião.
Allan Kardec , codificando a Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação.
Em sua última obra sobre espiritismo assim descreveu “Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as consequências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas.
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