sexta-feira, 20 de junho de 2014

As Três Peneiras de Sócrates


Certa vez, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos: – Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular…
- Espera! – ajuntou o sábio prudente – já passaste o que me vai dizer pelas três peneiras?
- Três peneiras? – perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu caro amigo, três peneiras. Observamos se tua confidência passou por elas. A primeira é a peneira da verdade. Guardas absoluta certeza quanto àquilo que pretendeis comunicar?
- Bem – ponderou o interlocutor – assegurar mesmo, não posso… mas ouvi dizer e… então…
- Exato. Decerto peneiraste o assunto pela segunda peneira, o da bondade. Ainda que não seja real o que julga saber, será pelo menos bom o que me queres contar?
Hesitando, o homem replicou:
- Isso não, muito pelo contrário…
- Ah! – tornou o sábio – então recorramos a terceira peneira, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.
- Útil?! – aduziu o visitante ainda agitado – Útil não é…
- Bem – arrematou o filósofo num sorriso – se o que tens a me confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupas com ele, já que nada valem os casos, sem edificação para nós!
Sócrates 


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