A
matéria inerte é insensível; o fluido perispirítico igualmente o é, mas
transmite a sensação ao centro sensitivo, que é o Espírito. As lesões dolorosas
do corpo repercutem, pois, no Espírito, qual choque elétrico, por intermédio do
fluido perispiritual, que parece ter nos nervos os seus fios condutores. É o
influxo nervoso dos fisiologistas que, desconhecendo as relações desse fluido
com o princípio espiritual, ainda não puderam achar explicação para todos os efeitos.
A
interrupção pode dar-se pela separação de um membro, ou pela secção de um
nervo, mas, também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos
momentos de emancipação, de grande sobre-excitação ou preocupação do Espírito.
Nesse estado, o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a
si, por assim dizer, o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície,
produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que, em
certas circunstâncias, no próprio fluido perispiritual uma modificação
molecular se opera, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão.
É por isso que,
muitas
vezes, no ardor do combate, um militar não percebe que está ferido e que uma
pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho, não ouve o ruído que se
lhe faz em torno. Efeito análogo, porém mais pronunciado, se verifica nalguns
sonâmbulos, na letargia e na catalepsia. Finalmente, do mesmo modo também se
pode explicar a insensibilidade dos convulsionários e de muitos mártires.
(Revue Spirite,janeiro, de 1868: “Estudo sobre os Aissaouas”.)
A
paralisia já não tem absolutamente a mesma causa: aí o efeito é todo orgânico;
são os próprios nervos, os fios condutores que se tornam inaptos à circulação
fluídica; são as cordas do instrumento que se alteraram.
Em certos estados patológicos, quando o
Espírito há deixado o corpo e o perispírito só por alguns pontos se lhe
acha
aderido, apresenta ele, o corpo, todas as aparências da morte e enuncia-se uma
verdade absoluta, dizendo que
a
vida aí está por um fio. Semelhante estado pode durar mais ou menos tempo;
podem mesmo algumas partes do
corpo
entrar em decomposição, sem que, no entanto, a vida se ache definitivamente
extinta. Enquanto não se haja rompido o último fio, pode o Espírito, quer por
uma ação enérgica, da sua própria vontade, quer por um influxo fluídico estranho,
igualmente forte, ser chamado a volver ao corpo.
É
como se explicam certos fatos de prolongamento da vida contra todas as
probabilidades e algumas supostas ressurreições. É a planta a renascer, como às
vezes se dá, de uma só fibrila da raiz. Quando, porém, as últimas moléculas do corpo
fluídico se têm destacado do corpo carnal, ou quando este último há chegado a
um estado irreparável de degradação, impossível se torna todo regresso à vida.*
*Exemplos:
Revue Spirite, “O doutor Cardon”, agosto de 1863,
pág.
251; — “A mulher corsa”, maio de 1866, pág. 134.
A
GÊNESE – Allan Kardec cap XIV – Os Fluídos
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