domingo, 6 de março de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 2 ­ CAP 8


A CIÊNCIA ­ O MÉTODO CIENTÍFICO ­ A CIÊNCIA ESPÍRITA

BIBLIOGRAFIA
FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – M Lucia A Aranha – Editora Moderna
CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí - Editora Atica
FUNDAMENTAÇÃO DA CIÊNCIA ESPÍRITA
DVD

Quem somos nós?
REFLEXÃO    A CIÊNCIA E A FÉ
Eu creio em... Eu pesquiso e estudo o ... Posso acreditar em algo e pesquisar nesse sentido. Posso até não concluir através da pesquisa, mas os indicativos desta levam na direção daquilo que eu creio. Posso crer em algo que todos os indícios científicos mostram não ter lógica e nem razão? Não estaríamos mais confortáveis e seguros em nossa fé quando os indícios científicos apontam para aquilo que acreditamos? Portanto, temos que ter na Ciência uma aliada de nossa fé em vez de uma opositora a esta.


1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem como objetivo esclarecer o que se entende por Ciência e Método Científico. Visa igualmente diferenciar como se efetua o conhecimento através do senso comum, aquele do dia a dia, o qual se faz espontaneamente e do conhecimento que se efetua através do método científico utilizado na Academia. Trás igualmente o evoluir do pensamento científico desde a antiguidade através dos pré-socráticos e de Aristóteles até nossos dias passando por Kardec. A aula também tem a finalidade de concluir se a Doutrina Espírita apresenta o rigor científico ao estudar o seu objeto.


2ª PARTE:  SENSO COMUM  X  CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Dentre outras, duas são as formas mais comuns de compreensão do mundo: 
- através do conhecimento espontâneo ou senso comum e por meio do
- conhecimento científico.

Chamamos conhecimento espontâneo ou senso comum o saber resultante das experiências levadas a efeito pelo homem ao enfrentar os problemas da existência. Nesse processo o homem conta com a solidariedade dos demais com os quais troca informações. As gerações transmitem essas experiências e conhecimentos de uma para outra. O senso comum não é metódico, nem organizado, nem sistemático, ele nasce da tentativa do homem de resolver problemas. É um tipo de conhecimento empírico porque se baseia na experiência cotidiana e comum das pessoas. Distingue-se, por isso, da experiência científica que exige planejamento rigoroso. Caso típico do senso comum ou do conhecimento espontâneo é o da pessoa que faz um bolo ou que planta um pé de alface. Ela sabe como fazer, mas desconhece as causas mais profundas.

Muitas vezes, o conhecimento espontâneo é vitima das aparências. Diferentemente o conhecimento científico apresenta um objeto específico de investigação e cria um método através do qual se desenvolve esse conhecimento. O conhecimento científico se efetua através de planejamento, de metodologia, de medições, de relações de causa e efeito, de uma busca das leis envolvidas e assim por diante. No processo científico afasta-se todo aspecto emocional e pessoal, procura-se trabalhar somente com a razão e a lógica. Todo esse desenvolvimento é de caráter impessoal.


3ª PARTE: A CIÊNCIA ARISTOTÉLICA
Aristóteles recusa o idealismo do Mundo das Ideias de seu mestre Platão e busca além do que há de concreto no mundo partindo inclusive para o Metafísico. No universo aristotélico todos os corpos estão dispostos de modo bem determinado, possuindo um lugar natural. Como exemplo clássico disso podemos citar o geocentrismo e a hierarquização do cosmos em mundo sublunar e supralunar. Esta teoria prevaleceu até o século XVII quando Copérnico e Galileu vieram mudar esses paradigmas. O cosmos seria constituído de esferas concêntricas onde a Terra ocuparia o centro de todas elas. No espaço supralunar constituído pelos Céus cuja ordem é:

- Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e finalmente a esfera das estrelas fixas. Seriam corpos constituídos por uma substância desconhecida de nós, o éter, que é cristalino, inalterável, imperecível, transparente e imponderável. O éter é também conhecido como quinta essência em contraposição aos quatro elementos (terra, ar, água e fogo). Os corpos celestes seriam perfeitos, incorruptíveis e não sujeitos a transformações. O mundo sublunar iria da superfície da Terra até a Lua. A Terra embora imóvel ela mesma é o local dos corpos em constante mudança, portanto, perecíveis, corruptíveis sujeitos a movimentos imperfeitos. Aí não mais acontece o movimento circular das esferas, mas o movimento retilíneo para baixo e para cima. O centro da Terra seria o Hades tal como explicado pela mitologia grega (mais tarde seria o Inferno cristão). As ideias de Aristóteles referentes ao Universo serão retomadas pelo matemático e geômetra Cláudio Ptolomeu no século II da era cristã na obra conhecida como Almagesto cuja influência durou até o século XVII. Houve um casamento perfeito com a doutrina da Igreja.


4ª PARTE: A CIÊNCIA MEDIEVAL
O período medieval que vai do século V ao século XV, portanto mil anos, é tido como o período de obscuridade no tocante aos conhecimentos principalmente às Ciências. A temática religiosa predomina nesse período. Trata-se da difusão do cristianismo através da conversão dos não cristãos.

Nesse período a pouca ciência existente continua voltada para a discussão inteiramente intelectual e racional e desligada da técnica e da pesquisa empírica. Os instrumentos de trabalho são rudimentares.

 Os números romanos dificultam enormemente os cálculos matemáticos por mais simples que fossem. Por exemplo, dividir MDCXXXII por IV. Nesse período, os árabes são os introdutores dos seus algarismos e sua forma de trabalho com eles, a álgebra. Outra ciência desenvolvida nessa época foi a química com o nome de alquimia. Era uma prática em voga no século XIII e teve importância muito grande na descoberta de novas substâncias químicas. A Igreja, porém, denunciava o caráter herético de tais práticas, finalmente proibidas por bula papal em 1317. Alguns precursores da Ciência surgem neste período como Roger Bacon da Escola de Oxford e alguns árabes como Avicena e Averrois.


5ª PARTE: A CIÊNCIA MODERNA
A ciência moderna começou com Copérnico e Galileu esfacelando uma construção estática que ordenava os espaços e hierarquizava o mundo em superior, o dos Céus e o inferior e corruptível, o da Terra. Galileu democratizou os espaços, geometrizou o universo, descobriu a Via Láctea, descobriu que Júpiter tinha luas, transformou o mundo fechado da Antiguidade em um universo infinito. E foi nisto que ele se confrontou com o poder vigente: a Igreja Romana, o maior poder político-religioso da época. Descobertas científicas começam a ruir o edifício dos dogmas.

A Idade Moderna efetua um renascimento científico como a expressão de uma nova ordem. À classe ociosa se opõe o valor do trabalho. À riqueza baseada em terras, se opõe o valor da moeda, dos metais e das pedras preciosas. A produção manufatureira se sobrepondo à produção agrícola finalizando com a procura de outras terras e mercados. A Ciência deixa de ser serva da Teologia e se alia à técnica nascendo assim, a tecnologia. A Ciência deixa de ser um saber contemplativo e formal para que indissoluvelmente ligada à técnica possa servir a nova classe emergente, a burguesia. O pensamento moderno se volta ao racionalismo, ao antropocentrismo, ao heliocentrismo, ao mecanicismo e ao saber ativo ou o saber aplicado. Dentre seus grandes pensadores e cientistas podemos destacar: os iniciadores Galileu, Newton e Kepler, Gilbert (fenômenos elétricos), Mariotte (gases), Von Guericke (máquina pneumática), Pascal e Torricelli (pressão), Huygens (teoria da luz), Fermat e Descartes (geometria analítica), Newton e Leibniz (calculo infinitesimal) e Pascal (probabilidades).


6ª PARTE: O MÉTODO CIENTÍFICO
O método científico se caracteriza pela ordem que conduz as investigações no exercício racional, na descoberta e na aplicação de leis universais e na reprodução em laboratório. Descartes em “O Discurso do Método” elabora uma série de proposições para serem seguidas na ocasião do estudo científico de um determinado assunto. A partição do problema maior em problemas menores, a ordenação na forma crescente das dificuldades, o uso de premissas inquestionáveis entre outros.

Assim o método adquire com Descartes um sentido de invenção, de descoberta e não mais uma possibilidade organizada do que já é sabido. A todo momento estamos observando algo, mas a observação comum é com frequência fortuita, feita ao acaso, dirigida por propósitos aleatórios. Ao contrário, a observação científica, é rigorosa, precisa, metódica e, portanto, orientada para explicação dos fatos. O método científico utiliza a observação, a medição, a experimentação, as hipóteses e os vários tipos de raciocínio: dedução, indução e analogia. O método científico sempre busca um modelo matemático que confere uma maior credibilidade ao estudo proposto.


7ª PARTE:  A CLASSIFICAÇÃO DAS CIÊNCIAS
A experimentação e a respectiva matematização da Física serviram de modelo às Ciências que foram se tornando autônomas o que despertou a necessidade da classificação dessas novas ciências. O conhecimento começa a ficar fragmentado, dividido, ganhando em profundidade e perdendo em abrangência. Os homens começam a se especializar. Francis Bacon, no século XVII já classificava as ciências com base em três faculdades mentais:
- a memória (História),
-a razão (a filosofia e a ciência) e a
- imaginação (a poesia).

De maneira geral, atualmente, as ciências são classificadas em:
- ciências formais (matemática e lógica),
- ciências da natureza (física, química, biologia, geologia, geografia física, etc) e
- ciências humanas (psicologia, sociologia, economia, história, geografia humana, linguística, etc).


8ª PARTE:  A CRISE DA CIÊNCIA
Até o século XIX o desenvolvimento da ciência tinha sido tão grande que o homem estava convencido da excelência do método científico para conhecer a realidade. Filosofias como o Positivismo de Comte e o evolucionismo de Spencer traduziam o otimismo generalizado que exaltava a capacidade de transformação humana em direção a um mundo melhor. A educação antes baseada exclusivamente na cultura humanística é reformulada visando à inclusão dos estudos científicos no currículo escolar, a fim de atender a demanda de técnicos e cientistas decorrente do avanço da tecnologia. No entanto, ainda no século XIX e no início do século XX algumas descobertas golpearam rudemente as concepções clássicas originando o que se pode chamar de crise da ciência moderna. São elas, a geometria não euclidiana e a física não newtoniana. Quando nos dirigimos aos extremos, ao microcosmo e ao macrocosmo as leis apresentam outros aspectos que nas nossas dimensões não são sensíveis. Ou seja, as leis presentes no extremamente pequeno e no extremamente grande são influenciados por fatores ainda desconhecidos. Temos a impressão que o nosso mundo é um caso particular de um muito mais amplo dos quais nossas leis são casos particulares de leis mais abrangentes.


9ª PARTE:  OS MITOS DA CIENCIA
Já no século XIX, o Positivismo valorizava exageradamente o conhecimento científico excluindo outras formas de abordagem do real, tais como o mito, a religião e até mesmo a filosofia, consideradas expressões inferiores e superadas da experiência humana. Essa exclusão é arbitrária, mutiladora, unilateral e significa na verdade uma redução da filosofia e das ciências humanas aos resultados das ciências, ao fato positivo e a mecanização imposta pelo novo processo científico. É o movimento pendular se fazendo presente deixando o extremo dogmático religioso e se deslocando ao outro extremo da truculência hegemônica da ciência. Surgem os mitos. O primeiro deles denominado - o mito do cientifismo, segundo o qual perfeito é somente o conhecimento científico. Outro é
- o mito do progresso cuja forma é a única que levará o homem a um mundo cada vez melhor.
- O mito da tecnocracia que coloca todo o poder nas mãos do tecnocrata.
- O mito do especialista segundo o qual somente algumas pessoas têm competência em determinados setores específicos. Neste atual conjunto de valores é que se mostra a importância da filosofia. Ela vem questionar essa fragmentação, esse individualismo, esse consumismo e toda essa destruição desenfreada da natureza que se apresenta no mundo atual resultante desses mitos criados pela apologia a Ciência.


10ª PARTE: A CIÊNCIA ESPÍRITA
Com este retrospecto sobre a importância, nascimento, desenvolvimento, valorização e resultados que a ciência adquire nos questionamos se o Espiritismo apresenta realmente um aspecto científico.
- A Ciência Espírita tem um objeto bem definido?
- Ela apresenta um estudo sistematizado?
- Ela parte de observações?
- Segue o método científico?
- Tem caráter universal?
- É passível de repetibilidade?
- É experimental?
- Tem leis?
- É lógica?

A resposta a todas essas perguntas nos leva a afirmar que a Ciência Espírita apresenta todos os rigores exigidos pelas ciências naturais. Quanto ao método, porém, precisa sofrer uma alteração, pois o objeto em estudo tem comportamento diferenciado do objeto da natureza. O objeto da ciência espírita tal como o objeto da psicologia é um ser pensante cujo comportamento não segue leis determinísticas, mas está ao sabor de uma vontade que muda a todo instante.


11ª PARTE:  CONCLUSÃO
As leis do mundo da matéria são determinísticas, são imutáveis e desde que se respeitem as mesmas condições, os resultados serão os mesmos. Essa regularidade, esse determinismo faz com que obedecendo aos rigores científicos possam-se prever com exatidão o efeito resultante. No mundo dos seres pensantes não há determinismo mecânico, imediato, reflexo. As ações apresentarão reações distintas, pois estarão ao sabor de vontades distintas. Portanto a metodologia a ser empregada quando o objeto é o ser pensante deverá ser totalmente reformulada em relação àquela do mundo material. Seria a metodologia do Cristo a mais eficaz quando se quer prever o mundo comportamental?
Alan Krambeck

12ª PARTE: MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula:
Livro 2 – Capítulo 8 – A METAFÍSICA – A ONTOLOGIA – A ONTOLOGIA ESPÍRITA
Leitura:  
 CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí

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