sábado, 30 de abril de 2016

Texto de KANT: Resposta à Pergunta: Que é esclarecimento []?

"Esclarecimento [<Aufklärung>] é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado.

A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo.

O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude!

Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento [<Aufklärung>].

A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha (naturaliter maiorennes), continuem, no entanto de bom grado menores durante toda a vida. São também as causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles.

É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, um diretor espiritual que por mim tem consciência, um médico que por mim decide a respeito de minha dieta, etc., então não preciso esforçar-me eu mesmo.

Não tenho necessidade de pensar, quando posso simplesmente pagar; outros se encarregarão em meu lugar dos negócios desagradáveis.

A imensa maioria da humanidade (inclusive todo o belo sexo) considera a passagem à maioridade difícil e além do mais perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaram a seu cargo a
supervisão dela.

Depois de terem primeiramente embrutecido seu gado doméstico e preservado cuidadosamente estas tranquilas criaturas a fim de não ousarem dar um passo fora do carrinho para aprender a andar, no qual as encerraram, mostram-lhes, em seguida, o perigo que as ameaça se tentarem andar sozinhas.

Ora, este perigo na verdade não é tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar finalmente, depois de algumas quedas.

Basta um exemplo deste tipo para tornar tímido o indivíduo e atemorizá-lo em geral para não fazer outras tentativas no futuro.

É difícil, portanto, para um homem em particular desvencilhar-se da menoridade que para ele se tornou quase uma natureza.

 Chegou mesmo a criar amor a ela, sendo por ora realmente incapaz de utilizar seu próprio entendimento, porque nunca o deixaram fazer a tentativa de assim proceder.

Preceitos e fórmulas, estes instrumentos mecânicos do uso racional, ou, antes, do abuso de seus dons naturais, são os grilhões de uma perpétua menoridade. Quem deles se livrasse só seria capaz de dar um salto inseguro mesmo sobre o mais estreito fosso, porque não está habituado a este movimento livre.

Por isso são muito poucos aqueles que conseguiram, pela transformação do próprio espírito, emergir da menoridade e empreender então uma marcha segura.

Que, porém, um público se esclareça [<aufkläre>] a si mesmo é perfeitamente possível; mais que isso, se lhe for dada a liberdade, é quase inevitável.

Pois, encontrar-se-ão sempre alguns indivíduos capazes de pensamento próprio, até entre os tutores estabelecidos da grande massa, que, depois de terem sacudido de si mesmos o jugo da menoridade, espalharão em redor de si o espírito de uma avaliação racional do próprio valor e da vocação de cada homem em pensar por si mesmo.'

O interessante nesse caso é que o público, que anteriormente foi conduzido por eles a este jugo, obriga-os daí em diante a permanecer sob ele, quando é levado a se rebelar por alguns de seus tutores que, eles mesmos, são incapazes de qualquer esclarecimento [<Aufklärung>].

Vê-se assim como é prejudicial plantar preconceitos, porque terminam por se vingar daqueles que foram seus autores ou predecessores destes.

Por isso, um público só muito lentamente pode chegar ao esclarecimento [<Aufklärung>].

Uma revolução poderá talvez realizar a queda do despotismo pessoal ou da opressão ávida de
lucros ou de domínios, porém nunca produzirá a verdadeira reforma do modo de pensar.

Apenas novos preconceitos, assim como os velhos, servirão como cintas para conduzir a
grande massa destituída de pensamento.

Para este esclarecimento [<Aufklärung>], porém, nada mais se exige senão LIBERDADE.

E a mais inofensiva entre tudo aquilo que se possa chamar liberdade, a saber: a de fazer um uso público de sua razão em todas as questões.

Ouço, agora, porém, exclamar de todos os lados: não raciocineis!

O oficial diz: não raciocineis, mas exercitai-vos!

O financista exclama: não raciocineis, mas pagai!

O sacerdote proclama: não raciocineis, mas crede!

(Um único senhor no mundo diz: raciocinai, tanto quanto quiserdes, e sobre o que quiserdes, mas obedecei!).

Eis aqui por toda a parte a limitação da liberdade.

Que limitação, porém, impede o esclarecimento [<Aufklärung>]?

Qual não o impede, e até mesmo favorece?

Respondo: o uso público de sua razão deve ser sempre livre e só ele pode realizar o esclarecimento [<Aufklärung>] entre os homens.

O uso privado da razão pode, porém, muitas vezes, ser muito estreitamente limitado, sem contudo por isso impedir notavelmente o progresso do esclarecimento [<Aufklärung>].

Entendo, contudo, sob o nome de uso público de sua própria razão aquele que qualquer homem, enquanto SÁBIO, faz dela diante do grande público do mundo letrado.

Denomino uso privado aquele que o sábio pode fazer de sua razão em um certo cargo público ou função a ele confiado.

Ora, para muitas profissões que se exercem no interesse da comunidade, é necessário um certo mecanismo, em virtude do qual alguns membros da comunidade devem comportar-se de modo exclusivamente passivo para serem conduzidos pelo governo, mediante uma unanimidade artificial, para finalidades públicas, ou pelo menos devem ser contidos para não destruir essa finalidade.

Em casos tais, não é sem dúvida permitido raciocinar, mas deve-se obedecer.

Na medida, porém, em que esta parte da máquina se considera ao mesmo tempo membro de uma
comunidade total, chegando até a sociedade constituída pelos cidadãos de todo o mundo, portanto na qualidade de sábio que se dirige a um público, por meio de obras escritas de acordo com seu próprio entendimento, pode certamente raciocinar, sem que por isso sofram os negócios a que ele está sujeito em parte como membro passivo.

Assim, seria muito prejudicial se um oficial, a que seu superior deu uma ordem, quisesse pôr-se a raciocinar em voz alta no serviço a respeito da conveniência ou da utilidade dessa ordem.

Deve obedecer. Mas, razoavelmente, não se lhe pode impedir, enquanto homem versado no assunto, fazer observações sobre os erros no serviço militar, e expor essas observações ao seu público, para que as julgue.

 O cidadão não pode se recusar a efetuar o pagamento dos impostos que sobre ele recaem; até mesmo a desaprovação impertinente dessas obrigações, se devem ser pagas por ele, pode ser castigada como um escândalo (que poderia causar uma desobediência geral).

Exatamente, apesar disso, não age contrariamente ao dever de um cidadão se, como homem instruído, expõe publicamente suas ideias contra a inconveniência ou a injustiça dessas imposições.

Do mesmo modo também o sacerdote está obrigado a fazer seu sermão aos discípulos do catecismo ou à comunidade, de conformidade com o credo da Igreja a que serve, pois foi admitido com esta condição.

Mas, enquanto sábio, tem completa liberdade, e até mesmo o dever, de dar conhecimento ao público de todas as suas ideias, cuidadosamente examinadas e bem intencionadas, sobre o que há de errôneo
naquele credo, e expor suas propostas no sentido da melhor instituição da essência da religião e da Igreja.

Nada existe aqui que possa constituir um peso na consciência.

Pois aquilo que ensina em decorrência de seu cargo como funcionário da Igreja, expõe-no como algo em relação ao qual não tem o livre poder de ensinar como melhor lhe pareça, mas está obrigado a expor segundo a prescrição de um outro e em nome deste.

Poderá dizer: nossa igreja ensina isto ou aquilo; estes são os fundamentos comprobatórios de
que ela se serve.

Tira então toda utilidade prática para sua comunidade de preceitos que ele mesmo não subscreveria, com inteira convicção, em cuja apresentação pode contudo se comprometer, porque não é de todo impossível que em seus enunciados a verdade esteja escondida.

Em todo caso, porém, pelo menos nada deve ser encontrado aí que seja contraditório com a religião interior.

Pois se acreditasse encontrar esta contradição não poderia em sã consciência desempenhar sua função, teria de renunciar.

Por conseguinte, o uso que um professor empregado faz de sua razão diante de sua comunidade é
unicamente um uso privado, porque é sempre um uso doméstico, por grande que seja a assembleia.

Com relação a esse uso ele, enquanto padre, não é livre nem tem o direito de sê-lo, porque executa uma incumbência estranha.

Já como sábio, ao contrário, que por meio de suas obras fala para o verdadeiro público, isto é, o mundo, o sacerdote, no uso público de sua razão, goza de ilimitada liberdade de fazer uso de sua própria razão e de falar em seu próprio nome.

Pois o fato de os tutores do povo (nas coisas espirituais) deverem ser eles próprios menores constitui um absurdo que dá em resultado a perpetuação dos absurdos.

Mas não deveria uma sociedade de eclesiásticos, por exemplo, uma assembleia de clérigos, ou uma respeitável classe (como a si mesma se denomina entre os holandeses) estar autorizada, sob juramento, a comprometer-se com um certo credo invariável, a fim de por este modo de exercer uma incessante supertutela sobre cada um de seus membros e por meio dela sobre o povo, e até mesmo a perpetuar essa tutela?

Isto é inteiramente impossível, digo eu.

Tal contrato, que decidiria afastar para sempre todo ulterior esclarecimento [<Aufklärung>] do gênero humano, é simplesmente nulo e sem validade, mesmo que fosse confirmado pelo poder supremo, pelos parlamentos e pelos mais solenes tratados de paz.

Uma época não pode se aliar e conjurar para colocar a seguinte em um estado em que se torne impossível para esta ampliar seus conhecimentos (particularmente os mais imediatos), purificar-se dos erros e avançar mais no caminho do esclarecimento [<Aufklärung>].

Isto seria um crime contra a natureza humana, cuja determinação original consiste precisamente neste avanço. '

E a posteridade está portanto plenamente justificada em repelir aquelas decisões, tomadas de modo não autorizado e criminoso.

Quanto ao que se possa estabelecer como lei para um povo, a pedra de toque está na questão de saber se um povo se poderia ter ele próprio submetido a tal lei.

Seria certamente possível, como se à espera de lei melhor, por determinado e curto prazo, e para introduzir certa ordem.

Ao mesmo tempo, se franquearia a qualquer cidadão, especialmente ao de carreira eclesiástica, na qualidade de sábio, o direito de fazer publicamente, isto é, por meio de obras escritas, seus reparos
a possíveis defeitos das instituições vigentes.

Estas últimas permaneceriam intactas, até que a compreensão da natureza de tais coisas se tivesse estendido e aprofundado, publicamente, a ponto de tornar-se possível levar à consideração do trono, com base em votação, ainda que não unânime, uma proposta no sentido de proteger comunidades
inclinadas, por sincera convicção, a normas religiosas modificadas, embora sem detrimento dos que preferissem manter-se fiéis às antigas.

Mas é absolutamente proibido unificar-se em uma constituição religiosa fixa, de que ninguém tenha
publicamente o direito de duvidar, mesmo durante o tempo de vida de um homem, e com isso por assim dizer aniquilar um período de tempo na marcha da humanidade no caminho do aperfeiçoamento, e torná-lo infecundo e prejudicial para a posteridade.

Um homem sem dúvida pode, no que respeita à sua pessoa, e mesmo assim só por algum tempo, na parte que lhe incumbe, adiar o esclarecimento [<Aufklärung>].

Mas renunciar a ele, quer para si mesmo quer ainda mais para sua descendência, significa ferir e calcar aos pés os sagrados direitos da humanidade.

O que, porém, não é lícito a um povo decidir com relação a si mesmo, menos ainda um monarca poderia decidir sobre ele, pois sua autoridade legislativa repousa justamente no fato de reunir a vontade de todo o povo na sua.

Quando cuida de toda melhoria, verdadeira ou presumida, coincida com a ordem civil, pode deixar em tudo o mais que seus súditos façam por si mesmos o que julguem necessário fazer para a salvação de suas almas.

Isto não lhe importa, mas deve apenas evitar que um súdito impeça outro por meios violentos de
trabalhar, de acordo com toda sua capacidade, na determinação e na promoção de si.

Causa mesmo dano a sua majestade quando se imiscui nesses assuntos, quando submete à vigilância do seu governo os escritos nos quais seus súditos procuram deixar claras suas concepções.

O mesmo acontece quando procede assim não só por sua própria concepção superior, com o que se expõe à censura: Ceaser non est supra grammaticos, mas também e ainda em muito maior extensão, quando rebaixa tanto seu poder supremo que chega a apoiar o despotismo espiritual de alguns tiranos em seu Estado contra os demais súditos.

Se for feita então a pergunta: "vivemos agora uma época esclarecida [<aufgeklärten>]"?,

a resposta será: "não, vivemos em uma época de esclarecimento [<Aufklärung>].

Falta ainda muito para que os homens, nas condições atuais, tomados em conjunto, estejam já numa situação, ou possam ser colocados nela, na qual em matéria religiosa sejam capazes de fazer uso seguro e bom de seu próprio entendimento sem serem dirigidos por outrem.

Somente temos claros indícios de que agora lhes foi aberto o campo no qual podem lançar-se livremente a trabalhar e tornarem progressivamente menores os obstáculos ao esclarecimento [<Aufklärung>] geral ou à saída deles, homens, de sua menoridade, da qual são culpados.

Considerada sob este aspecto, esta época é a época do esclarecimento [<Aufklärung>] ou o século de
Frederico.

Um príncipe que não acha indigno de si dizer que considera um dever não prescrever nada aos homens em matéria religiosa, mas deixar-lhes em tal assunto plena liberdade, que, portanto, afasta de si o arrogante nome de tolerância, é realmente esclarecido [<aufgeklärt>] e merece ser louvado pelo mundo agradecido e pela posteridade como aquele que pela primeira vez libertou o gênero humano da menoridade, pelo menos por parte do governo, e deu a cada homem a liberdade de utilizar sua própria razão em todas as questões da consciência moral.

Sob seu governo os sacerdotes dignos de respeito podem, sem prejuízo de seu dever funcional expor livre e publicamente, na qualidade de súditos, ao mundo, para que os examinasse, seus juízos e opiniões num ou noutro ponto discordantes do credo admitido.

Com mais forte razão isso se dá com os outros, que não são limitados por nenhum dever oficial.

Este espírito de liberdade espalha-se também no exterior, mesmo nos lugares em que tem de lutar
contra obstáculos externos estabelecidos por um governo que não se compreende a si mesmo.

Serve de exemplo para isto o fato de num regime de liberdade a tranquilidade pública e a unidade da comunidade não constituírem em nada motivo de inquietação.

Os homens se desprendem por si mesmos progressivamente do estado de selvageria, quando intencionalmente não se requinta em conservá-los nesse estado.

Acentuei preferentemente em matéria religiosa o ponto principal do esclarecimento [<Aufklärung>], a saída do homem de sua menoridade, da qual tem a culpa.

Porque no que se refere às artes e ciências nossos senhores não têm nenhum interesse em exercer a
tutela sobre seus súditos, além de que também aquela menoridade é de todas a mais prejudicial e a mais desonrosa.

Mas o modo de pensar de um chefe de Estado que favorece a primeira vai ainda além e compreende que, mesmo no que se refere à sua legislação, não há perigo em permitir a seus súditos fazer uso público de sua própria razão e expor publicamente ao mundo suas idéias sobre uma melhor compreensão dela, mesmo por meio de uma corajosa crítica do estado de coisas existentes.

Um brilhante exemplo disso é que nenhum monarca superou aquele que reverenciamos.

Mas também somente aquele que, embora seja ele próprio esclarecido [<aufgeklärt>], não tem medo de sombras e ao mesmo tempo tem à mão um numeroso e bem disciplinado exército para garantir a tranqüilidade pública, pode dizer aquilo que não é lícito a um Estado livre ousar: raciocinais tanto quanto quiserdes e sobre qualquer coisa que quiserdes; apenas obedecei!

Revela-se aqui uma estranha e não esperada marcha das coisas humanas; como, aliás, quando se considera esta marcha em conjunto, quase tudo nela é um paradoxo.

Um grau maior de liberdade civil parece vantajoso para a liberdade de espírito do povo e, no entanto, estabelece para ela limites intransponíveis; um grau menor daquela dá a esse espaço o ensejo de expandir-se tanto quanto possa.

Se, portanto, a natureza por baixo desse duro envoltório desenvolveu o germe de que cuida delicadamente, a saber, a tendência e a vocação ao pensamento livre, este atua em retorno progressivamente sobre o modo de sentir do povo (com o que este se torna capaz cada vez mais de agir de acordo com a liberdade), e finalmente até mesmo sobre os princípios do governo, que acha conveniente para si próprio tratar o homem, que agora é mais do que simples máquina, de acordo com a sua dignidade."

Agradecimento ao tutor do curso de Filosofia Espírita Estevão - Ifevale.

https://www.google.com.br/?gfe_rd=cr&ei=hZ4SV7PyJor8wgSmwZOIDA&gws_rd=ssl#q=Texto+de+KANT:+Resposta+%C3%A0+Pergunta:+Que+%C3%A9+esclarecimento+%5B%3CAufkl%C3%A4rung%3E%5D%3F

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Reforma Intima - Escala de Valores


O que é uma Escala de Valores?

 “Atribuir Valor a uma coisa, é não ficar indiferente a ela. Isto é a principal característica do valor”.

Escala de valores é como esses valores são organizados na escala de importância.

A nossa reforma interior tem algo a ver com essa escala de valores?

Sim.

O ser humano é o mais alto e nobre investimento da vida... Para atingir a sua culminância, atravessa diferentes fases que lhe permitem a estruturação psicológica, seu amadurecimento, sua individuação, conforme Jung.

A infância psicológica caracteriza o ser como imaturo, ambicioso, apaixonado, frustrante, irritadiço, que mata e mata-se, porque o significado da sua vida é o ego perturbador e finito, circular estreito e sem metas.

O amadurecimento psicológico é imperativo que surge naturalmente, ou por necessidade que se estabelece no processo da evolução.

 Onde o Ser supera o estado egocêntrico, para tornar-se útil socialmente, significando o rompimento com o círculo familiar da infância e abrindo-se à comunidade, que é a grande escola da vida.

“Cansado e evitando o elemento dor do contexto educativo, vai crescendo e passa a dar valores às coisas, fazendo uso da razão, da observação. Querendo vencer, superar sentimentos, organiza seus valores em ordem de importância.”

Essa escala dos valores rompe os limites das conveniências restritivas e interesseiras, para apoiar-se nos códigos da ética universal, ancestral e perene, que têm, por base, Deus, os seres, a natureza e o próprio indivíduo, compreendendo-se que o limite da própria liberdade começa na fronteira do direito alheio, nunca aspirando para si o que não gostaria de receber de outrem...

Assim... Aprende, se reforma. Evolui. Iluminasse.

Elaine Saes
Bibligrafia
https://sites.google.com/site/filosofiavaria/etica/valores---axiologia-ou-teoria-dos-valores
O Ser consciente - Divaldo Pereira Franco - Joanna de Ângelis
 
 

Formação dos mundos


"O mundo, em seu berço, não foi estabelecido na virilidade e na plenitude da vida; não, o poder criador não se contradiz jamais e, «raio todas as coisas, o universo nasceu menino." Allan Kardec, em A Gênese, cap. 6, item 15

 "Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas." Efésios 2:10 

NA FORMAÇÃO DO planeta Terra, juntamente com outros mundos dispersos pelo espaço, foram estruturados também elementos etéricos, que constituíram a forma fluídica dos mundos.

A matéria primitiva e a dela derivada vibram em vários campos ou dimensões.

 Na formação do planeta, sob a amorável orientação da consciência cósmica de Jesus, foram também estruturadas as várias camadas dimensionais que compõem a realidade energética dos mundos.

Os espíritos processam sua evolução ao longo dos milênios tanto na parte mais densa ou física quanto na parte extrafísica, que constitui a realidade energética da criação.

Tanto a parte física ou materializada como as dimensões paralelas que circundam as crostas dos mundos dispersos na amplidão estão estuantes de vida e movimento, constituindo campo abençoado de aprendizado para as consciências em processo de evolução.

Interpenetrando-se e irradiando-se a partir da matéria densa que constitui os mundos ou planetas materiais, outros mundos existem, estruturados em matéria sutil, imperceptíveis ainda pelos instrumentos da tecnologia humana.

Esses mundos astrais, sutis ou energéticos circundam a camada densa e material dos planetas.

Quaisquer que sejam os nomes que se deem a essas dimensões ou campos vibratórios, a realidade é que eles existem e sempre serão parte integrante dos mundos.

Isso nos esclarece também certos fatos relativos à habitação de outros mundos dispersos no cosmos.

Os conceitos humanos em relação aos corpos de manifestação de outras inteligências, habitantes desses mesmos mundos, são limitados.

 Esses corpos são adaptados à forma e dimensão da esfera física ou espiritual em que se encontram, em matéria que vibra em faixas diferentes da que constitui o vosso mundo.

No que diz respeito à formação e construção das estruturas que deram origem ao vosso Sistema Solar, a mente do Cristo coordenou todas as atividades realizadas durante eras.

De acordo com planos predeterminados, influiu com a sua vontade na matéria cósmica dispersa pela imensidade, condensando-a sob o influxo de seu poder, sempre de acordo com as leis sábias estatuídas pela Suprema Consciência, que chamamos de Deus e Pai.

A matéria fundamental6 com a qual trabalhou a mente crística e seus prepostos, na formação dos mundos, já existia anteriormente, criada diretamente pela vontade suprema do Todo-Poderoso.

O Cristo, responsável pela formação do vosso sistema, utilizando-se de seu potencial de cocriador, o verbo ou a força divina, modificou o estado de repouso desse fluido primordial, imprimindo-lhe movimento, e atuou diretamente nos domínios atômicos e subatômicos do fluido universal.

Preencheu esse fluido com a sua própria força ou energia que passou a ser o impulso para o desenvolvimento e a manutenção das formas materiais e fluídicas ou energéticas dos mundos formados durante os milênios de evolução.

Traçou as dimensões do vosso sistema de acordo com o que se pode chamar de dimensões de sua própria aura.

No Plano Cósmico isso corresponde à distância até o último dos mundos do vosso sistema cosmogônico. Estabeleceu assim, sob sua amorável influência, o campo de evolução das almas que estavam sob sua paternal proteção.

Por meio da ação e da presença do Cristo Cósmico7, o responsável espiritual pela evolução da vida no mundo, podemos ter uma ideia mais aproximada da grandeza de Deus, pois ele, o Cristo, existe, age e atua no mundo como representante do Pai, trazendo-nos uma imagem do Absoluto, que se reflete em sua própria natureza.

Desde longas eras a representação da Divindade foi associada ao astro solar.

No Sistema Solar, o Sol é o centro irradiante de vida, e, por seu magnetismo cósmico, mantém os mundos de seu sistema em relação direta com ele próprio.

Dessa forma, pode-se compreender como a atividade do Cristo, representante da Divindade, sempre foi associada ao Sol, que se tornou seu símbolo.

Embora suas características se assemelhem às da estrela de vosso sistema, sua existência e atuação está mais acima e além dos limites físicos ou dimensionais desse mesmo sistema planetário, atuando em níveis de consciência que, por enquanto, são inconcebíveis para a humanidade terrestre.

Ele é a "expressa imagem da Divindade", segundo a interpretação do apóstolo Paulo (2Co 4:4).

 6 Matéria fundamental – Conforme se pode ler na resposta à questão 39 de O Livro dos Espíritos, "(...) os mundos se formam pela condensação da matéria espalhada no espaço", afirmação que coincide com as constatações recentes da física. Marcelo Gleiser, físico brasileiro, diz que "somos filhos das estrelas" (1997)
    7 No capítulo O desejado de todas as nações, escrito em parceria com o espírito Estêvão, Zarthú aprofunda as relações entre a formação dos mundos e a aura crísti- ca. Zarthú interpreta de maneira não literal as palavras do Cristo: "Eu e o Pai somos um" (Jo 10:30). Essa é a interpretação mais adequada do ponto de vista espírita, para o qual Deus e Jesus são distintos entre si. Ver, a propósito dos temas abordados por Zarthú neste capítulo e nos seguintes, os estudos de Allan Kardec em A Gênese, em particular nos capítulos 4 a 12.

  cap 2 do livro Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu]

quinta-feira, 21 de abril de 2016

DEUS

"O que é Deus?
 — Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas."
 Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, item l 

O SER CUJA REALIDADE transcende o próprio universo permanece ainda incompreendido pela grande maioria de suas criaturas, de seus filhos.

O homem já nasce com a intuição de que existe uma força soberana que se irradia em todo o universo, à qual dá o nome de Deus. Entretanto, sabemos que a verdade assemelha-se à luz da aurora, que vai clareando lentamente até atingir a exuberância do sol do meio-dia.

O conhecimento do homem a respeito de seu Criador não foge à regra. Inicialmente, não podendo compreender os atributos de um ente espiritual que detém todo o poder e todas as perfeições num grau absoluto, o homem passou a humanizar Deus, transformando-o segundo os seus conceitos, à sua imagem e à sua própria semelhança.

Começa a emprestar ao Criador Supremo suas próprias imperfeições e cria a imagem de um Deus antropomórfico.

O homem transforma Deus numa divindade humanizada, que se ira, sente raiva, precisa de sacrifícios para aplacar sua sede de justiça e sangue; enfim, personaliza o Criador, atribuindo-lhe a imagem de um ancião de longas barbas, dominando um paraíso beatífico e pronto para irar-se ao primeiro sinal de rebeldia ou ignorância de suas criaturas, de seus filhos.

A ignorância do homem colocou a divindade tão distante do ser humano que se tornou quase impossível à criatura chegar-se ao Supremo Senhor, o Pai.

Observamos, por exemplo, como a ideia a respeito de Deus evoluiu no transcorrer dos milênios.

Segundo a tradição bíblica, os filhos de Adão estabeleceram o culto à divindade oferecendo sacrifícios e oferendas ao ser que entendiam ser Deus. Caim e Abel, na alegoria dos livros hebraicos (Gn 4:3-4), começaram com suas dádivas, frutos da terra e sacrifícios de animais, e estatuíram a primeira forma de culto, quando a criatura, em sua ignorância, pôde perceber, de maneira imprecisa, a presença de Deus na criação.

 A partir daí o homem passou a desenvolver seu próprio conceito de Deus, humanizando-o, indo desde a adoração às forças da natureza até o estabelecimento de um sistema ritual que incluía sacrifícios, manjares e muito sangue para tentar agradar a divindade, conforme se pode ler no Pentateuco1, conjunto de livros bíblicos supostamente escritos por Moisés.

No sistema de culto estabelecido pelos hebreus, Deus era visto como uma divindade que necessitava de sangue e outras demonstrações inferiores para se satisfazer. Na realidade, esse tipo de culto primitivo não passava de uma tentativa de barganhar com a divindade.

Com Jesus, no entanto, caiu o véu que encobria os olhos do homem; ele trouxe-nos um conceito de Deus mais compatível com a realidade universal.

Jesus chamou Deus de Pai e falou, em suas palavras sábias, que "tempo virá que os verdadeiros adoradores do Pai o irão em espírito e verdade, porque Deus é espírito, e importa que seja adorado em espírito e verdade" (Jo 4-23-24).

Compreende-se, com Jesus, que Deus é Amor, Justiça, Vida; enfim, é o Pai de todas as criaturas, o princípio sobre o qual se sustenta a idade do universo.

Cai por terra todo o sistema de sacrifícios e barganhas que o homem tentou incutir em sua mente a respeito de Deus.

Mas é com a Doutrina Espírita, que estabelece o conceito de que Deus é Consciência Cósmica, que a humanidade marcha para uma compreensão cada vez mais ampla da divindade.

Descartando a ideia de um Deus antropomórfico, que se confunde com a própria criatura, os imortais revelam que Deus é a causa causal de todas as coisas, a Consciência Suprema sempre presente em todo o universo, transcendendo com esse conceito todos os outros até então trazidos para a humanidade.

Deus não é mais personificado, é o Espírito do Universo.

Por analogia, podemos compará-lo ao que o espírito encarnado é para o corpo físico.

Deus é Espírito, disse Jesus.

O espírito é uma consciência que rege o mundo orgânico.

Cada órgão, cada célula, cada átomo do corpo físico acha-se intimamente ligado ao espírito, embora o espírito não seja a soma desses órgãos.

Sem o espírito, o corpo seria apenas uma massa disforme, não um homem.

Deus é a Consciência que estabelece a ordem e a harmonia do universo.

Cada constelação, cada galáxia, cada planeta, cada sol, cada erva, cada átomo é eternamente preenchido pela Consciência divina.

Deus é imanente a toda a criação.

Mas a criação não é o Criador.2

Ele é a Consciência que fecunda de vida todo o universo, que mantém os mundos na amplidão, em sua eterna marcha, suspensos sob sua atuação, nos espaços infinitos.

Mas a realidade divina transcende tudo isso.

Imaginai por um momento o aspecto físico e energético do universo.

O conjunto dos sistemas siderais, os reinos estelares, as famílias planetárias com o cortejo de humanidades3 que carregam consigo, as galáxias e universos, cuja grandeza foge à capacidade de compreensão dos seres criados.

Além disso, nessa realidade física, desdobrando-se em outras faixas vibratórias, que também fogem à compreensão do homem terreno, vibram seres e coisas, outra realidade, outras dimensões.

Aí igualmente está presente, coordenando, orientando, mantendo a existência de todas as coisas que vivem em estados diferentes da matéria física, a Consciência Universal, Deus.

Além desses outros campos de vida, adentrando o domínio de campos energéticos e, mais ainda, de abstrações mentais, mundos que superam a própria existência do tempo e do espaço, da forma e das dimensões conhecidas pelo homem, a Consciência Cósmica de Deus a tudo preside, a tudo governa, a tudo mantém.

E de analogia em analogia entendemos, através de mil conceitos, o que a Doutrina Espírita diz ao afirmar que Deus é a "causa primária de todas as coisas", imanente e transcendente a toda a criação.

Ele está presente em cada coisa, desde o átomo à erva que nasce no campo, ao homem que não o compreende em Sua grandeza, aos sistemas na imensidade.

Mas Deus está igualmente além de qualquer realidade objetiva ou subjetiva, além de qualquer fronteira vibratória, de qualquer limite que a imaginação possa conceber, irradiando seu pensamento soberano em tocas as partes do universo e eternamente presente em qualquer lugar.

O universo se apresenta como a materialização do pensamento divino.

Sua essência incompreendida é sempre presente.

Sua presença e existência resultam nas Leis Universais4, que as criaturas estudam através dos séculos.

Sua eterna presença é Lei.

Paira acima de qualquer conceito filosófico ou definições existentes ou que venham a existir a respeito dele.

Imanência e transcendência.

O conceito que o Espiritismo vos mostra a respeito de Deus prepara-vos para viver na Era Cósmica que se avizinha.

Seus atributos de eternidade, atemporalidade, onisciência, onipotência, onipresença, já longamente discutidos em todas as religiões, na Doutrina dos Imortais são ampliados com a visão cósmica de Deus.

Não podemos comparar a Divindade a uma força ou  energia, pois força e energia são perfeitamente explicáveis pelos modelos da nomenclatura científica terrena. O Ser onisciente é mais ainda do que qualquer conceito o possa definir.

 No ensinamento bíblico, quando Moisés perguntou ao Enviado do Eterno quem ele era, a resposta foi: "Eu sou o que sou" (Ex 3:14). Esse nome, embora incompreensível para a maioria dos mortais, encerra a verdade de que Deus permanece indefinível pelo vocabulário humano.

Certo que podemos nos aproximar de uma compreensão de seus atributos, mas defini-lo é ainda impossível.

Compreendê-lo ainda é difícil, mas com a vinda de Jesus e a revelação espírita ampliou-se o entendimento a respeito dos atributos da Divindade.

O que mais podemos fazer é, a partir de comparações, tentar nos aproximar o mais possível, na medida de nossa acanhada compreensão, da grandeza do Todo-Sábio.

A realidade inquestionável é que Deus é Pai5, na definição mais clara que Jesus pôde dar à humanidade.

Ao analisarmos os primeiros momentos conhecidos da vida universal, as primeiras manifestações da vida no micro ou macrocosmo, podemos perguntar: Existiu um poder idealizador e organizador que deu origem ao universo?

Quem ou Que deu a base e formulou as leis que desde o princípio presidiram a evolução?

De onde surgiu a primeira informação que ordenou as moléculas do DNA?

Onde está a inteligência dinâmica que estruturou o primeiro átomo ou que deu carga elétrica ao primeiro elétron?

Ao observarmos a perfeição das leis e sua estrutura material tal como foram descobertas por físicos e sábios de variadas épocas, perguntamos: Quem estatuiu ou Que elaborou tais leis de forma que elas regulem cada segmento da vida universal?

Necessariamente, a razão nos impele para a existência de um plano diretor de todas as formas do universo.

Como disse certo sábio de vosso mundo, "Caso Deus não existisse, teríamos de inventá-lo, para encontrar a razão de ser de tudo o que existe".

Diante de simples observações materiais, qualquer ser com um mínimo de bom senso compreende que há uma intenção organizadora e modeladora por traz de tudo o que existe.

Caso a Terra estivesse afastada do Sol apenas um único centímetro a mais da distância em que se encontra, jamais a vida teria chance de se desenvolver da forma como se desenvolveu em sua superfície.

Observando a Lua, as leis que regulam as forças que a prendem em suas balizas, compreende-se que, se as forças gravitacionais que a sustentam fossem dispostas um grau a mais ou a menos do que se observa, o satélite de vosso planeta seria arrastado irremediavelmente para a superfície planetária ou se arrojaria ao espaço, causando cataclismos climáticos e geológicos que, com certeza, impediriam a vida de se organizar tal como se organizou ao longo dos milênios.

Com relação ao próprio Sol, centro do vosso sistema planetário, com seu sistema equilibrado de fusão e fissão nuclear, caso não fosse estabelecido o equilíbrio entre sua pressão interna e externa, não teria passado de uma bomba de proporções galácticas, e a vida em vosso mundo não teria se desenvolvido conforme observais atualmente.

Observando mais de perto, vemos como a simples existência dos raios ultravioleta ou outras radiações perigosas vindas do cosmos fez surgir a necessidade de uma película protetora de ozônio que impedisse esses mesmos raios de destruir a vida organizada.

Tudo isso e muito mais leva a pensar seriamente que há uma intenção por trás de tudo o que existe e um planejamento divinamente orientado para estatuir as leis, as distâncias, as forças que regulam a vida e suas manifestações em roda parte do universo.

Em tudo está a Consciência de Deus, elaborando a vida, dinamizando as leis, regulando a evolução de uma forma maravilhosa.

Alonguemos mais as nossas observações e aprofundemos-nos nos conceitos, sem, contudo, perder a simplicidade.

A existência de um Ente Supremo, de uma Consciência que tudo orienta, que tudo gerou, desperta em nós a compreensão de que essa inteligência, para administrar tudo isso, todo o complexo da vida cósmica, há de ser necessariamente onisciente.

Esse Ser deve saber com antecedência e em plenitude tudo aquilo que deve acontecer, todos os passos de suas criaturas, todas as escolhas e, necessariamente, todas as consequências dessas escolhas.

É impossível conceber a Suprema Consciência sem o atributo da onisciência.

Portanto, podemos entender que todos os caminhos escolhidos, todas as lutas e fracassos, vitórias ou derrotas que o ser experimenta ao longo de sua trajetória evolutiva terão de ser conhecidos, previstos e admitidos no plano diretor do Todo-Sábio.

Contudo, não podemos dizer, resolvendo essas questões filosóficas de uma forma simplista, que os seres criados estejam fadados a uma lei inexorável da qual não podem furtar- se ou subtrair-se.

Ao lado da onisciência do Poder Criador e da Mente Diretora do Universo, a providência divina é, igualmente, um atributo ou uma forma de a Suprema Consciência definir as variáveis que auxiliarão os seres criados na escolha a seguir.
(veja mais em O bem e o mal  e as leis para regular o processo educativo de seus filhos)


1 Pentateuco é o nome dado aos cinco primeiros livros do Antigo Testamento, de autoria atribuída a Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, nessa ordem, que constituem a Tora,  a lei para o povo judaico.
 2 As afirmativas de Zarthú estão em concordância com a posição espírita, que rejeita o panteísmo. Segundo o autor, Deus é imanente a toda a criação, mas isso não significa dizer que ele seja a própria criação. Mais adiante, o autor ocupa-se da natureza transcendente do Criador. Em sua tradução de O Livro dos Espíritos, Herculano Pires já anota essa polêmica relativa à natureza imanente e, simultaneamente, transcendente de Deus. (Ver nota do tradutor à questão 615 da obra citada. As editoras que publicam as traduções de H. Pires são: Feesp, EME e Lake.) 3 O conceito filosófico da pluralidade dos mundos habitados será referência cons- tante nesta obra. (Ver, a propósito, os textos de Allan Kardec em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 3, bem como em O Livro dos Espíritos, livro l, cap. 3.)
 4 Leis Universais – Todas as culturas e todo o pensamento humano são voltados para o conhecimento dessas leis. A filosofia, concebida historicamente como méto- do racional de apreensão do real, sempre buscou estabelecer a ordem subjacente que rege a existência — ainda que, segundo o pensamento de alguns filósofos, a existência seja regida pela absoluta falta de ordem — o que, em si mesmo, constitu- iria uma lei do caos, se assim se pode afirmar. O Espiritismo estabelece uma síntese dessas leis divinas, universais, estudando aquilo que Kardec chama de leis morais. (Ver O Livro dos Espíritos, livro III.)
5 Pai – Ao chamar Deus de Pai (Mt 5:16 passim), Jesus inaugura uma nova era na história da humanidade, apresentando-o de maneira diversa de Moisés e de todos os profetas do Antigo Testamento, para os quais Deus era um ser irado e vingativo, o Senhor dos Exércitos.

 Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] cap 1

O elemento Dor e sua Necessidade no Contexto Educativo

Em fases embrionárias ou infantis da vida no cosmos, é necessária a polaridade, a visão dualista do mundo, a fim de que os seres se situem no contexto educativo da vida e administrem a possibilidade de escolher.

O bem e o mal, dessa forma, aparecem no cenário do mundo como as trevas em relação à luz, o caos em relação à ordem.

Durante a fase infantil da evolução anímica, é preciso a existência dos contrastes para que o ser compreenda a real grandeza do caminho do bem.

Mesmo assim, suas escolhas foram previstas pela Onisciente Sabedoria, que dispõe de leis para regular o processo educativo de seus filhos.

Surge então, no cenário do mundo, o elemento dor, necessariamente vinculado à própria manifestação da lei que regula os efeitos em relação com as causas.

A dor assume um papel importante na vida orgânica do universo.

A lei que a regula em sua intensidade foi propositadamente gerada pela mente do Todo-Poderoso.

 Dor e sofrimento são recursos inseridos no próprio programa de desenvolvimento do cosmos a fim de regular as ações das criaturas e marcar a necessidade de retorno do caos aparente para a ordem real.

Toda vez que algum ser ou alguma parte do universo tende ao caos ou à desarmonia, a dor e o sofrimento surgem como forças dinâmicas que atuam em sentido educativo e coercitivo, orientando a parte desarmônica para o sentido pleno da vida — a ordem e a harmonia.

A dor traz em si mesma, implícita em sua própria existência, uma lei de autoextermínio.

Ou seja, a dor consome- se a si mesma, tão logo o ser se adapte à rota do bem, da ordem e da equidade.

Tudo isso foi previsto pela onisciência do Todo-Poderoso.

Conhecendo com antecedência as escolhas, os acertos e desacertos de seus filhos, antes mesmo de serem criados, estatuiu as leis morais, para que pudessem regular as relações e as decisões, de forma que ninguém se perca na caminhada.

As leis morais, juntamente com as leis físicas, servem como prova para todas as criaturas de que existe um planejamento oculto, um direcionamento de cada ser, cada situação, para um fim determinado, e de que é impossível que alguém ou algum ser, em qualquer parte do universo, aja ou
 escolha um caminho contrário à lei de Deus.

Toda vez que, na visão limitada e estreita do homem terrestre, o ser escolhe um caminho equivocado, produzindo o mal, a lei geral da harmonia entra em ação, e surge a dor como elemento reparador e educador, orientando o ser para a readaptação.

O processo da vida orgânica do mundo contém em si todos os recursos de forma a regular os atos morais da criatura, e, assim, onisciência e providência divinas convivem com absoluta perfeição, orientando o universo moral.

A Suprema Sabedoria dispôs o universo como berço da vida.

Galáxias, sóis, planetas, poeira estelar existem unicamente com a finalidade de aconchegar a vida.

Tudo foi disposto com objetivos definidos.

Assim, cada ser minúsculo do vosso mundo, cada criatura, verme, vírus ou outra qualquer forma de vida existem para o perfeito equilíbrio do ecossistema da vida universal.

Diante da complexidade e da variedade da vida no mundo, a única forma de vida que, ao manifestar-se, pode usufruir e entrar em relação direta com as outras formas de vida, interferir, criar, destruir, amar, odiar, sentir e raciocinar é a forma inteligente.

Todos os outros seres que antecedem o homem na escala evolutiva estão na condição de ensaios da vida.

O ser inteligente é o único capaz de transformar e autotransformar-se, com consciência, e direcionar-se inteligentemente nas múltiplas escolhas que a Suprema Lei faculta aos seres.

A Suprema Inteligência, ao estatuir as leis do universo, insuflou nas próprias leis a condição de que os seres criados as descobrissem e compreendessem.

Organizou o universo como um sistema orgânico em que mundos e sóis funcionassem à semelhança de subsistemas.

Sociedades de espíritos, de seres inteligentes ou não, biosferas, culturas e mundos são diretamente influenciados pelas criaturas pensantes, que provocam com suas escolhas as reações que desencadeiam as transformações ocorridas no mundo.

O homem é o agente de Deus para a evolução do próprio universo. As leis físicas, espirituais e morais foram formadas e elaborações de tal maneira, que o próprio ser possa provocar, acelerar ou dinamizar as transformações sociais, políticas, filosóficas, religiosas, evolutivas ou biológicas, alterando profundamente o ecossistema universal.

Qualquer que seja sua escolha, na finalidade do processo em que se situa, o homem sempre estará participando ativamente do aperfeiçoamento da vida.

Ao atuar fisicamente no mundo, influenciando-o com suas escolhas de uma forma negativa, entram em ação as leis físicas, imediatamente, que ativarão suas defesas para recuperar e reorganizar a parte em conflito.

Da mesma maneira, quando o indivíduo atua no universo moral, também devido às suas escolhas, influenciando de forma equivocada o contexto em que se situa, as leis morais determinarão elementos reparadores para sua reeducação.

De qualquer ângulo que se observe, seja pela disposição material, física, moral ou religiosa em que todas as coisas possam se manifestar, não há como excluir a ideia de Deus, de uma Consciência Organizadora, idealizadora e diretora de tudo o que existe.

 Por trás de tudo, está Deus; tudo o que existe está mergulhado e existe em Deus, nada pode ser concebido fora de Deus. Essa é a realidade primeira e última da criação. Deus está sempre presente na criação, mas não é a própria criação. O Criador não se confunde com a criatura. Deus simplesmente é.

  Gestação da Terra – Robson Pinheiro [pelo espírito Alex Zarthu] cap 1 Deus

sábado, 16 de abril de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA - LIVRO 2 - CAP 13

(utilize o site ifevale.org.br) 
AXIOLOGIA  -  TEORIA DOS VALORES
Bibliografia
FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA – Manuel G. Morente – Edit Mestre Jou
TEMAS DE FILOSOFIA – Mª Lucia A Aranha – Edit Moderna  
Site
filosofiareal.blogspot.com/
ceismael.com.br/

REFLEXÃO
OS INDIVÍDUOS E AS ESCALAS DE VALORES
No Japão, o cidadão tem como prioridades, a Pátria, a Empresa onde trabalha e a Família, nesta ordem de seus valores. No Brasil essa ordem seria: a Família, a Empresa onde trabalha e a Pátria.

Como surgem estas valorações? Por que essas diferenças? Quem estaria certo? Assim como a coletividade tem os seus valores numa determinada escala, os indivíduos também as têm. Façamos uma experiência com um grupo de pessoas: peçamos a elas que relacionem uma centena de coisas em ordem decrescente de importância. Façamos uma síntese de todos esses valores. Com isto em mãos, poderíamos prever os comportamentos e os atos dos integrantes do grupo?

1ª PARTE: OBJETIVO DA AULA
Enquanto as ciências buscam realizar uma compreensão dos fatos sensíveis que ocorrem na natureza, a filosofia objetiva, entre outras coisas, compreender o valor dado a essas coisas e atos. Essa aula busca entender esta área da Filosofia conhecida por Axiologia.

2ª Parte: INTRODUÇÃO – ETIMOLOGIA DA PALAVRA 
Os objetos apresentam uma essência que lhes é algo intrínseco. Eles podem, entretanto, receber um valor dentre os demais objetos que os rodeiam. O estudo dessa valoração dos objetos inanimados, vivos, ou mesmo ideias é a parte da Filosofia denominada Axiologia. Esta palavra foi criada no séc. XIX e vem grego AXIOS quer dizer Valor. Ela é, portanto, a teoria ou o estudo dos Valores.

 Há o mundo das coisas e o mundo dos valores. Não podemos dizer que os valores são da mesma maneira que as coisas são, isto é, não existe o valor em si enquanto coisa, mas o valor é sempre uma relação entre o sujeito que valora e o objeto valorado.    Logo a Axiologia se ocupa das relações que se estabelecem entre os seres e o sujeito que os aprecia. Os valores são como eixos. Assim como os eixos são elementos fixos à volta dos quais “giram” as rodas, os valores são o ponto de referência (fixo) em torno do qual “giram” as nossas ações.

Os valores são como o “fiel da balança”. Tal como o “fiel” serve de ponto fixo que permite a avaliação do peso de algo, os valores servem para avaliar o mundo que nos rodeia. Os valores são critérios. Os critérios são padrões pelos quais avaliamos as coisas. Os valores servem para avaliar, distinguir e organizar o nosso mundo. Quando estamos falando de um determinado objeto, estamos fazendo juízos a respeito dele e estes juízos são conhecidos como juízos de existência e juízos de valor. Os Juízos de Existência tratam do que a coisa é em si, enunciam propriedades, atributos, predicados dela que pertencem a ela. Os Juízos de Valor enunciam acerca de algo que não acrescenta e nem retira nada da sua essência ou de sua forma. Assim os valores não são coisas nem elementos das coisas. Podemos afirmar que um objeto é belo ou é feio que isto não altera sua essência. É um Valor.

3ª Parte:  O NÃO SER DOS VALORES – A NÃO-INDIFERENÇA 
Ao nosso redor existem coisas que como já dissemos, podem ser objetos reais, vivos ou inanimados e até mesmo ideias. Estamos mergulhados num mundo de coisas que nos cercam. Ao optarmos por uma dessas coisas, estamos valorando essa coisa. Essa valoração é algo que não é intrínseco dela, somos nós que atribuímos valor a elas. Podemos então afirmar que o Valor é um Não- Ser. Ao escolhermos alguma coisa, estamos percebendo sua existência, estamos deixando de ser indiferente a ela. Esta Não-Indiferença de tão “real” que pode até ser graduada. Alguns objetos têm maior preferência que outros, ou seja, sua Não-Indiferença é maior que os outros. E ainda alguns têm maior Não-Indiferença que outros. Vamos dar outro enfoque: objetos inanimados, seres vivos, situações ou ideias, podem ser de nosso agrado ou podem ser do nosso desagrado. Essas coisas têm uma escala de Não-Indiferença. Outro fato curioso: nem sempre o que nos agrada é o de maior Não-Indiferença.

Explicando essa situação aparentemente contraditória. Podemos por vezes dar extremo valor àquilo que não nos dá prazer ou que não nos é fácil de realizar por ser um anti-prazer. Como exemplo, podemos citar os vícios. Podemos ter como grande valor o de ser um não fumante, entretanto fumamos. Atribuir um valor a alguma coisa é não ficar indiferente a ela. Portanto a Não-Indiferença é a principal característica do Valor.
 
4ª Parte:  AS CATEGORIAS DO VALOR
Diante das coisas (objetos inertes, seres vivos ou idéias) somos mobilizados pela afetividade, somos afetados de alguma forma por eles, porque nos atraem ou nos causam repulsa. Portanto, algo possui valor quando não permite que permaneçamos indiferentes diante deles. Os valores são num primeiro momento, herdados por nós, ou seja, aceitamos os valores dos nossos pais, parentes, amigos, professores. Numa etapa seguinte começamos a criar os nossos próprios valores. Eles podem se aproximar ou se afastar dos valores herdados. Os valores não são totalmente subjetivos, pois, podem ser discutidos a luz de uma lógica e podem até lhes ser atribuídos numeros. Pelo fato dos Valores não serem coisas, não estamos autorizados a dizer que sejam impressões puramente subjetivas da dor ou do prazer. Assim estamos novamente diante de uma situação aparentemente contraditória. Os Valores não são coisas e nem impressões. Logo, os Valores não são, mas valem. Aprofundando mais o estudo dos Valores podemos considerar alguns dos seus atributos ou categorias. A primeira categoria é sua quantificação, ou seja, a Valoração. Atribuímos números que representam Valores. Estamos assim valorando o objeto. A outra categoria é a Polaridade, ou seja, essa valoração pode ser positiva ou negativa. Assim a atribuição de valores teria um Zero para a indiferença, valores positivos para a nossa preferência e valores negativos para nossa repulsa. E finalmente uma categoria chamada Hierarquia que, seria o que é fornecido pela valoração onde passamos a priorizar os objetos. O que é mais importante que o que e o que é menos importante que o que.

5ª Parte:  A CLASSIFICAÇÃO DOS GRUPOS DE VALORES
Os valores podem ser agrupados em:
1-) Valores Úteis – aqueles que são valorados pela sua utilidade (adequado, inadequado, conveniente, inconveniente) . Os valores úteis constituem o fundamento da Economia.
2-) Valores Vitais – aqueles que se caracterizam pelo modo de ser (forte, fraco, preferência na moda, preferências de gestos e posturas físicas) Os valores vitais são a base da Moda, da Indumentária, da Vestimenta, dos Jogos e Esportes e de Cerimônias Sociais.
3-) Valores Lógicos – estão relacionados com a verdade ou falsidade.
4-) Valores Estéticos – aqueles relacionados com a impressão dos sentidos, os agradáveis ou desagradáveis aos sentidos, os relacionados com o belo.
5-) Valores Éticos – aqueles relacionados com a justiça e com a bondade.
6-) Valores Religiosos – os que estão relacionados com o divino e o profano.

6ª Parte:  A HIERARQUIA DOS VALORES – A ESCALA DE VALORES
Para os grupos citados acima temos uma hierarquia, à qual Garcia Morente em Fundamentos da Filosofia cita: “vamos tomar provisoriamente uma classificação que anda por aí e que é provavelmente a menos incorreta, a mais aceitável de todas, a de Scheler“. Ela afirma que os valores religiosos se situam acima dos valores éticos; estes por sua vez acima dos estéticos; estes acima dos lógicos; estes superiores aos vitais e finalmente estes superiores aos úteis. Esclarecendo: se esquematicamente assinalarmos o zero de uma escala para a Indiferença e seguindo sua polaridade (positiva ou negativa) teríamos que os valores úteis se afastarão pouco do ponto de indiferença, já os vitais estariam um pouco mais afastados e finalmente os religiosos os mais afastados. Scheler coloca então que os valores religiosos estariam no ápice da escala. Dando um exemplo prático de tal hierarquia, teríamos: se tiver que optar entre salvar a vida de uma pessoa ou deixar que se queime um quadro, preferirá que se queime o quadro. Outro exemplo interessante foi quando uma criança pertencente a uma determinada religião necessitava de transfusão de sangue para salvar sua vida e os ensinos religiosos dessa religião não o permitiam , os pais optaram pela não transfusão.

7ª Parte: A QUEBRA DOS VALORES COLETIVOS – A CULTURA DO “JEITINHO”
A conseqüência de qualquer valoração é, sem dúvida, fornecer regras a ação prática. E podemos definir como Moral, o conjunto de regras de conduta consideradas válidas para um grupo ou pessoa. Grupos humanos precisam de regras para viver bem e em harmonia. Se cada indivíduo fizer o que bem lhe aprouver, irá provocar o caos social ou seja a inexistência de uma moral previamente estabelecida. Todos já ouviram falar no “jeitinho brasileiro” com aparência de inocência e por vezes até visto como virtude (vivacidade, esperteza). Nesse caminhar, as transgressões às regras vão se acentuando até chegarmos a uma “normalidade” vista por um político de evocar que o nepotismo nos cargos governamentais como salutar a nação. Em todos os casos, o “jeitinho” surge como forma autoritária e individualista ao desconsiderar as normas de vivência em sociedade.

8ª PARTE: AXIOLOGIA E A LEI DE JUSTIÇA
A axiologia tratando dos valores indiretamente esta tratando dos problemas de ética, estética, direito, política e escatologia entre outros. A justiça permeia a história desde a antiguidade com Sócrates e Platão que na época se traduzia por “ordem e harmonia”. Na idade média essa noção se manteve, embora estivesse relacionado com o aspecto teológico. Na atualidade o aspecto universal foi gradualmente diminuindo e prevalece a noção de justiça no sentido mais restrito, visando o cumprimento das leis, ou seja foca exclusivamente o aspecto jurídico. Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, no livro III (As Leis Morais) e no livro IV (Esperanças e Consolações), faz uma síntese de todos esses problemas que envolvem valores. Diferencia-nos com muita clareza o que é o bem e o que é o mal estimulando-nos à prática da justiça, do amor e da caridade. Ele nos dá, portanto, todas as coordenadas para uma atuação mais consciente na vida de relação.

9ª PARTE: CONCLUSÃO
Os indivíduos diferem entre si entre outras coisas pela sua escala de valores. Em função de sua escala de valores realizam suas ações no cotidiano. Um exemplo muito claro de como a subjetividade atua na objetividade. Assim como a religião, totalmente imponderável, metafísica e longe do aspecto sensível, impõem diretrizes comportamentais na vida concreta. Importante se faz que cada um de nós tenha consciência da existência dessa escala e que façamos uma reflexão sobre a nossa escala de valores: o que é importante para nós e o que é importante para os outros. Ao termos isto em vista, passaremos  entender os procedimentos do nosso próximo. Alan Krambeck


10ª PARTE: MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA PRÓXIMA AULA
Próxima aula: Livro 2 – Capítulo 14 - Os Costumes - A Moral – A Ética – A Ética Espírita Leitura: TEMAS DE FILOSOFIA – M Lucia A Aranha – M Helena P Martins FILOSOFANDO – Introdução a Filosofia – Maria Lucia A Aranha CONVITE A FILOSOFIA – Marilena Chauí

segunda-feira, 11 de abril de 2016

O Dilema de Santo Agostinho



Certo dia, Santo Agostinho, após longo período de trabalho e muito compenetrado na sua angústia, adormeceu no claustro. Teve um sonho revelador: caminhava sobre uma praia deserta, a contemplar o mar e o céu. De repente, avistou um menino que com um balde de madeira ia até a água do mar, enchia o balde e voltava, onde despejava a água num pequenino buraco na areia. Santo Agostinho, perplexo e curioso perguntou ao menino: - O que você está fazendo? O menino calmamente olhou para Santo Agostinho e respondeu: - Vou colocar toda água do mar nesse buraco! Santo Agostinho sorriu e retrucou: - Isso é impossível garoto. Observe quanta água existe no oceano e você quer colocá-la toda nesse diminuto buraco! Mais uma vez o menino olhou para Santo Agostinho e de forma ríspida e corajosa disse: - Em verdade vos digo. É mais fácil colocar toda água do oceano nesse pequeno buraco do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!! E num átimo Santo Agostinho acordou assustado e desorientado. Tivera uma mensagem divina que acalmaria sua alma conturbada.

Que essa história sirva também aos nossos dias. O homem precisa rever posições, precisa abandonar seu humanismo cético em favor do dogma teológico. Não pode haver ciência sem base teológica. Aqueles que duvidam disso, lembrem-se do menino.
 

Deus segundo Spinoza

 "Pára de ficar rezando e batendo o peito!
 O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso?

Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.

Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia.

Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas.

Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam. Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?... Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim. A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás. Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."

Einstein, quando perguntado se acreditava em Deus, respondeu: “Acredito no Deus de Spinoza, que se revela por si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pela sorte e pelas ações dos homens”.
 

Metafísica

 

Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO:
1. Introdução.
2. Conceito.
3. Histórico.
4. Metafísica: 4.1. Origem do Termo; 4.2. Divisão da Metafísica; 4.3. Além da Matéria.
5. Depreciando e Reverenciando a Metafísica: 5.1. Sinônimo de Sobrenatural; 5.2. Depreciação do Termo; 5.3. Reverenciando a Metafísica.
6. A Metafísica Espírita: 6.1. Teoria Espírita do Conhecimento; 6.2. Ontologia Espírita; 6.3. Deus.
7. Conclusão.
8. Bibliografia Consultada.
 
1. INTRODUÇÃO
O que se entende por metafísica? É tudo aquilo que está além da física? Como surgiu este termo? Como você explicaria a metafísica espírita?
 
2. CONCEITO
Ciência dos entes espirituais ou incorpóreos, das coisas abstratas, intelectuais. Doutrina da essência das coisas. Conhecimento das coisas primárias e dos primeiros princípios. Ciência primeira, por ter como objeto o objeto de todas as outras ciências, e como princípio um princípio que condiciona a validade de todos os outros.
 
3. HISTÓRICO
Em termos históricos, Tales de Mileto é o primeiro dos metafísicos, pois ele quis achar a substância primeira, a physis, de onde tudo se originava. Pensou que este elemento primordial fosse a água, porque esta poderia se transformar em gelo (matéria sólida) pelo esfriamento e em ar (matéria gasosa) pelo aquecimento. Estava dada a partida para a busca da origem, doarqué, do princípio das coisas.
 
Sócrates e Platão não trataram diretamente da metafísica, mas forneceram subsídios úteis (Teoria das Idéias) à compreensão do tema. Para Aristóteles, a Metafísica é a ciência que estuda todas as causas, todos os princípios, todas as substâncias. Para Aristóteles, a Metafísica é a ciência primeira no sentido de fornecer a todas as outras o fundamento comum, ou seja, o objeto a que todas elas se referem e os princípios dos quais todas dependem.
 
Na Idade Média, a Metafísica permanece por longo tempo no campo da religião. Descartes, por sua vez, retoma o sentido filosófico, e afirma que o conhecimento de Deus e da alma é alcançado "pela razão natural". Depois de Descartes apareceram outros racionalistas. Kant, por exemplo, achava que o conhecimento depende apenas da razão, independentemente das experiências. Hegel, na sua dialética idealista e Marx, na sua dialética materialista, dão também as suas contribuições para a compreensão do tema.
 
4. METAFÍSICA
4.1. ORIGEM DO TERMO
Foi por acidente livresco que se deu o nome de Metafísica à filosofia primeira, isto é, ao estudo sistemático dos problemas fundamentais relativos à natureza última da realidade e do conhecimento humano. Isso deveu a Andrônico de Rodes que, no século I de nossa era, classificou a obra de Aristóteles, colocando os livros da filosofia primeira depois dos de física e se referiu a eles como "os que estão atrás da física" (tà metà tà physikà). Desde essa época, a metafísica é a parte da filosofia que se ocupa do que está mais além do ser físico enquanto tal.
 
4.2. DIVISÃO DA METAFÍSICA
A metafísica pode ser dividida em três partes:
1) ontologia (teoria do ser);
2) gnosiologia(teoria do conhecimento);
3) teoria do primeiro princípio do conhecimento e do ser (absoluto, Deus).
 
O fato de esta palavra referir-se tanto à ontologia, como à gnosiologia, e mesmo a Deus, dificulta a definição rigorosa da mesma.
 
4.3. ALÉM DA MATÉRIA
metafísica, no sentido de "tudo o que está além da matéria", coincide com o próprio desenrolar da filosofia. Observe que a filosofia surgiu como uma tentativa de explicar o mundo e sua origem a partir da razão e não por intermédio do oráculo, do mito. No mito a verdade é revelada pelos deuses; na metafísica ela deve ser buscada, achada com o recurso da razão, com o esforço do ser humano.
 
5. DEPRECIANDO E REVERENCIANDO A METAFÍSICA
 
5.1. SINÔNIMO DE SOBRENATURAL
Algumas pessoas entendem o termo "metafísico" como sinônimo de "sobrenatural". Daí, a preferência pelo uso de "filosofia" e "filosófico" em lugar de "metafísica" e "metafísico".
 
5.2. DEPRECIAÇÃO DO TERMO
Atribui-se a Charles Bowen, juiz britânico do século XIX, a definição de metafísico como "um homem cego num quarto escuro, que procura um gato preto que não está ali". Há também um complemento desta frase: "teólogo é a pessoa que acha o gato".
 
Augusto Comte, o fundador do positivismo na França, deslocou o absoluto para a região das fantasias. Bem antes dele, porém, Hume, em seu Ensaio sobre o Espírito Humano, dissera: "Quando, convictos da doutrina aqui ensinada, penetramos numa biblioteca, que destruição devemos causar?
 
Tomemos o livro de teologia ou de metafísica e perguntemos:
 
contém investigações sobre grandeza e números?
Não.
Contém o resultado de experiências acerca de fatos e realidades existentes?
Não.
Jogue-se então o livro ao fogo, porque não poderá conter nada além de sofisticarias e mistificações". (Barreto, 1977, p.188)
 
5.3. REVERENCIANDO A METAFÍSICA
O filósofo americano Hilary Putman diz: "Se eu tivesse a coragem de ser um metafísico, então acho que criaria um sistema no qual não haveria nada além de deveres. A metafísica, na imagem que eu criaria, seria definir o que deveríamos fazer". Para fundamentar o seu pensamento, afirma que todos os "fatos" se dissolveriam em "valores".
 
6. A METAFÍSICA ESPÍRITA
Perscrutando O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, podemos construir o edifício metafísico do Espiritismo, porque ali vamos encontrar explicações sobre Deus, Espírito e Matéria, entre outros.
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6.1. TEORIA ESPÍRITA DO CONHECIMENTO
A maneira pela qual se adquire o conhecimento é de vital importância não só para a Filosofia como para todos nós. De acordo com a tradição filosófica, há duas formas de se apreender o conhecimento:
 
 1ª) a platônica ou socrático-platônica, que envolve a questão da reminiscência das ideias (conhecemos pelo Espírito);
2ª) a sofística ou empírica, que se refere apenas aos nossos sentidos (conhecemos pelos sentidos). Daí, a pergunta: conhecemos pelo corpo ou pelo Espírito?
 
Para o Espiritismo, o homem é essencialmente um Espírito. O Espírito é a substância do homem e o corpo o seu acidente. Nesse caso, a percepção é uma faculdade do Espírito e não do corpo. É uma faculdade geral do Espírito que abrange todo o seu ser
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6.2. ONTOLOGIA ESPÍRITA
Ontologia é a parte da filosofia que trata do ser enquanto ser. Na Filosofia Espírita, cada criatura humana é um ser espiritual, mas é também um ser físico ou um ser corporal. A ligação entre o ser espiritual e o ser físico é feita através do períspirito (corpo perispiritual). Desta forma, o ser não é apenas o Espírito, é também o períspirito e o corpo vital.
 
6.3. DEUS
No que tange ao conhecimento do Ser Supremo (Deus), a Doutrina Espírita afirma que quando o nosso Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria, teremos condições de penetrar no mistério da divindade. Por enquanto devemos nos contentar com o conhecimento de seus atributos, ou seja, Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, e soberanamente justo e bom.
 
7. CONCLUSÃO
metafísica é a ciência das causas primeiras. A Doutrina Espírita fornece-nos subsídios valiosos para a compreensão deste tema. Basta consultarmos as obras básicas da Codificação, principalmente O Livro dos Espíritos
 
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARRETO, Tobias. Estudos de Filosofia. 2. ed., São Paulo, Grijalbo; Brasília, INL, 1977.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1987.
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].
PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paidéia, 1983.
São Paulo, novembro de 2009.
Copyright © 2010: Centro Espírita Ismael

Agradecimento ao tutor do Estevão do Curso de Filosofia Espírita
Ifevale

Sobre Milagres

“Os milagres não acontecem em contradição com a natureza, mas só em contradição com o que conhecemos da natureza."


 
...No entanto, as Leis Naturais incluem não somente aquelas que regem a matéria, mas igualmente aquelas que estão relacionadas aos fenômenos espirituais. O Espiritismo fazendo uma união sinérgica entre Ciência e Religião, que é inédita na história da humanidade, estabelece que os “milagres” são fenômenos perfeitamente explicáveis e estudáveis e que foram taxados como “espetaculares”, “maravilhosos” e “inadmissíveis” intelectualmente, por ignorância das suas causas e mecanismos de ação.

http://www.oconsolador.com.br/ano4/171/leonardo_moreira.html
Elaine Saes


 O que popularmente entendemos como "milagres", nada mais é do que a nossa condição de aprendizes, a qual não nos permite conhecer tudo, e logo damos o nome de milagre a tudo que não conseguimos entender seu funcionamento.
Esta nossa "conversa" já seria considerada um milagre a alguns séculos atrás, e ainda existem muitos fatos que consideramos inexplicáveis, e por isso os rotulamos dessa forma.
Portanto, penso que o milagre está em nós descobrirmos as leis que ainda não conhecemos, e então, passarmos a entender tudo isso.



 Penso que levará ainda algum tempo para que a humanidade entenda esse pensamento, e essa lógica racional.
Por outro lado, entendo que podemos transformar o mundo, como o amor de mãe é capaz, e isso é fruto da aplicação de princípios que talvez ainda não tenhamos pleno conhecimento, e por isso não conseguimos entender.

Penso que milagres no sentido "popular" não podem e nem devem existir, pois se a Divindade derrogasse suas próprias leis seria um sinal de que ou Ela errou, ou as ditas leis não seriam perfeitas.

Não posso acreditar nessas hipóteses, acredito que a vida em si já é um verdadeiro milagre, tudo acontece como e quando deve acontecer.
Fique com DEUS!

Estevão
Ifevale


Autismo – uma visão médico-espírita

 No final de 2015, um levantamento feito pelo centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, constatou que a incidência de autismo entre as crianças aumentou:

Agora 1 criança em 45 está dentro do transtorno do espectro autista (o que representa cerca de 2,25% no país americano). Entre 2011 e 2013, essa taxa era apenas de 1 a cada 80 e, em 2008, 1 a cada 100.


Dessa forma, estima-se que o Brasil, com seus 200 milhões de habitantes, possua cerca de 2 milhões de autistas. São mais de 300 mil ocorrências só no Estado de São Paulo.

Para saber um pouco mais sobre esta enfermidade, a Revista Semanal O Consolador entrevistou o Dr, José Fernando de Souza, que é médico neuropediatra, diretor médico do núcleo Integrado de Neurologia Infantil em Juazeiro do Norte, Ceará, e presidente da AME - Cariri.




Eis a entrevista:
O QUE CARACTERIZA O AUTISMO?
O autismo é definido por desenvolvimento anormal e/ou regressão da interação social e comunicação associadas a interesses e comportamentos repetitivos e estereotipados.

COMO OS PAIS OU CUIDADORES IDENTIFICAM OS PRIMEIROS SINAIS? A PARTIR DE QUANTOS MESES/ANOS?
Um dos principais marcadores biológicos nos transtornos globais do desenvolvimento infantil no espectro autista tem sido as janelas do desenvolvimento. Esses marcadores hoje representam os principais parâmetros que temos e que decorrem do seguinte:

A orientação social (capacidade de responder a um chamado) e a atenção compartilhada (capacidade de partilhar a atenção com alguma pessoa) são habilidades adquiridas no primeiro ano de vida; assim. atualmente têm sido procurados atrasos dessas áreas citadas, a chamada análise do fenótipo (observação do comportamento). Dos marcadores, isto é, dos indicadores que possam ser medidos, os endofenótipos, ou seja, as predisposições individuais a desenvolver os transtornos globais do desenvolvimento, são atualmente os mais acertados. Desse modo, a precocidade do diagnóstico poderá ser detectada em uma criança que não responde a um chamado com o seu olhar (orientação e atenção compartilhada) ou que não tenha desenvolvido a linguagem até 30 meses de idade.

EXISTEM PREDISPOSIÇÕES GENÉTICAS PARA O AUTISMO?
Existe um grupo de genes que têm sido considerados como envolvidos na gênese dos distúrbios sociais que compõem o transtorno do espectro autista, tais como as neuroliginas 3 e 4, as neurexias 1 e 3, o FMR1 e MECP2, no caso dos dois últimos, estudos envolvidos com a síndrome do cromossomo X frágil e a síndrome de Rett.

ESPIRITUALMENTE, HÁ EXPLICAÇÕES OU POSSIBILIDADES PARA ESSA ENFERMIDADE?
A maior explicação para o transtorno do desenvolvimento infantil do espectro autista é a lei da causa de efeito. Como nos diz o Espírito de Joanna de Ângelis em seu livro Plenitude "os sofrimentos humanos de natureza cármica podem apresentar-se sob dois aspectos que se completam: provação e expiação. Ambos objetivam educar e reeducar."

Espiritualmente, crianças são Espíritos em processo de educação e evolução, com demandas cármicas (lei de causa e efeito) a serem depuradas. Não são os que geram os Espíritos que voltam, apenas ajudam na composição genética da formação da matéria, na qual esse espírito habitará. O corpo procede do corpo, mas o espírito não procede do espírito, porque o espírito existia antes da formação do corpo que vai habitar.

HOJE VEMOS MAIS CASOS DE AUTISMO. POR QUE? O DIAGNÓSTICO VEM SE APRIMORANDO?
O fato de vermos mais casos sendo diagnosticados hoje em dia para transtornos do espectro autista se deve a uma maior notificação por aqueles que lidam com a enfermidade e à divulgação feita nas mídias pelas associações de mães e crianças autistas de todo o Brasil, que têm, de forma inequívoca, divulgado a história natural da enfermidade e como diagnosticá-la. Evidente que o conhecimento vem se aprimorando ao longo dos anos.

A SOCIEDADE ESTÁ MAIS PREPARADA PARA APOIAR NÃO APENAS A CRIANÇA, MAS TAMBÉM SUA FAMÍLIA?
A sociedade está muito melhor preparada a aceitar e acolher essas crianças, em vista da compreensão da enfermidade e para aqueles que aceitam o paradigma espírito-matéria.

EM SUA OPINIÃO, QUAL A MELHOR LIÇÃO A SE APRENDER COM O AUTISMO?
A melhor lição que aprendemos com o autismo infantil é estarmos diante de um ser que sofre porque feriu, e normalmente feriu muito, como nos informa os Espíritos superiores nas falas de Hermínio C, Miranda, Chico Xavier e Suely Caldas Schubert. "As expiações - dizem eles - visam restaurar o equilíbrio perdido, ao tempo em que reconduzem o infrator à posição espiritual em que se encontrava antes da queda desastrosa."

Há que se considerar a proposta das casas espíritas para o atendimento das crianças autistas, focando dois pontos igualmente importantes:
1. Atendimento espiritual permanente às famílias e ao paciente na casa espírita e no seu lar de origem.
2. Não se afastar dos atendimentos médicos e reabilitadores proporcionados pelas diversas técnicas conhecidas.

Enrevista de Giovana Campos
Fonte http://www.oconsolador.com.br/ano10/460/especial.html


                          
        
 
 

domingo, 10 de abril de 2016

CURSO DE FILOSOFIA ESPÍRITA LIVRO 2 - CAP 12

(utilize o site ifevale.org.br) 
 CULTURA – A LEI DE SOCIEDADE

BIBLIOGRAFIA
CONVITE À FILOSOFIA –Marilena Chauí – Ed. Ática.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS – Allan Kardec – Ed. FEB – perguntas 766 a 775.

REFLEXÃO
O MUNDO E SEU CORAÇÃO – UNIÃO DE CULTURAS?
O Brasil é um país continental. Diferentemente de outros países, o Brasil apresenta uma variedade de raças, costumes e culturas. Um caldeirão de culturas se auto-influenciando e a naturalidade da convivência vai se consolidando. É o aprendizado da convivência com o diferente. Uma globalização antes de sua existência. Os valores que vão se formando são resultantes dessas diferentes culturas.

Teria sido pretensão a afirmativa de Humberto de Campos:
 Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho? Ou seria os prenúncios de uma cultura universal?

1º PARTE: OBJETIVO DA AULA
Esta aula tem por objetivo o entendimento do que é a cultura, como ela surge, do que se compõem e como se dividem as culturas pelo mundo. Vamos investigar uma das leis citadas em O Livro dos Espíritos, a lei de sociedade.

2º PARTE: INTRODUÇÃO
O estudo da Filosofia nos proporciona a exercitação da busca da verdade. Desenvolve por um lado o espírito crítico e de outro lado, nos capacita a melhor ponderar nossos juízos. A exteriorização através de atos é o do equilíbrio, das palavras muito bem pensadas, visando sempre a harmonia do ambiente físico e espiritual. Para auxiliar os nossos entendimentos e ajuizamentos, precisamos imergir no contexto do que está sendo objeto de nossa análise. A isso poderíamos chamar de autotransporte ao local e ao tempo do objeto de nosso estudo. Essa contextualização exige um maior conhecimento do ambiente onde se desenrola o nosso estudo em termos de local, de época e de costumes. Este último é traduzido pela cultura da população na época em questão.

3º PARTE: CULTURA – CONCEITO, NASCIMENTO E COMPONENTES
O termo cultura que desenvolveremos nesta aula se faz sob o aspecto
- antropológico,
- sociológico e
- etnológico.
Outras ópticas serão estudadas mais à frente.

Sob os três aspectos citados acima, a cultura é o conjunto de hábitos, usos, valores, costumes, psiquismos, comportamentos psicológicos, religião e religiosidade que o agrupamento possui. Essa cultura passa de geração a geração e sofre influencia de outras culturas.

Os usos e costumes são: a comida, a música, a dança, as artes. Além desses, acrescentam-se os psiquismos e comportamentos psicológicos como: altura de voz, gesticulação, emoções adicionadas à fala e outros. Ao que citamos pode-se adicionar os valores desse grupamento, a religião por eles cultuada e sua religiosidade. Muitos hábitos foram desenvolvidos a partir das necessidades de sobrevivência ou da convivência. O meio ambiente também afeta enormemente os hábitos.

 Localidades como a beira-mar, desertos, montanhas, florestas, campos têm forte influencia nos hábitos desenvolvidos por suas populações.

4º PARTE: HÁBITOS ESTRANHOS, CULTURA?
Por vezes descobrimos em determinados grupamentos humanos, hábitos que fogem totalmente a nossa imaginação. Isso se deve por desconhecermos as necessidades e os valores desse grupamento.

Citaremos alguns: • ingestão de vegetais e animais estranhos • cultuar objetos e animais como deuses • agressões e mutilações do corpo • formas diversas de saudações: apertos de mãos, abraços, beijos • exteriorização de sucessos e insucessos de grandes alegrias e de grandes tristezas

5º PARTE: OUTROS USOS DO TERMO CULTURA
Outros conceitos são aplicados ao termo cultura, além daquele que tratamos nesta aula. Alertamos no uso do termo para evitarmos o emprego equivocado. A etimologia da palavra tem origem no verbo latino “colere” que significa cultivar, criar, tomar conta, cuidar donde se originaram os termos agricultura (cultura do arroz, cultura do café, cultura da cana de açúcar), puericultura (cuidados com o recém-nascido). Outro enfoque da palavra cultura pode ser relacionado com conhecimento. Assim dizemos que tal pessoa é culta no sentido de transmitir que o individuo tem conhecimento, é letrado, tem retórica. Deixando o aspecto individual e indo ao coletivo, falamos em cultura de elite, cultura popular, cultura de massa, cultura hippie para indicar hábitos e costumes de um grupo dentro de uma sociedade.

6º PARTE: COMUNIDADES E SOCIEDADES – SUAS TRANSFORMAÇÕES
Os estudos, partindo da filosofia da história e da antropologia, distinguem dois grandes tipos de cultura:

A das comunidades e a das sociedades.

Uma comunidade é um grupo ou coletividade onde as pessoas se conhecem, tratam-se pelo 1º nome, possuem contatos cotidianos cara a cara, compartilham os mesmos sentimentos e ideias e possuem um destino comum.

Uma sociedade é uma coletividade internamente dividida em grupos e classes sociais e na qual há indivíduos isolados uns dos outros. Os agrupamentos indígenas são comunidades. Nós vivemos em sociedade. O tempo nas comunidades é lento. Nas sociedades as transformações são constantes e velozes. Uma comunidade baseia-se em mitos e fundadores. Numa sociedade cada classe social procura explicar a origem da sociedade e de suas mudanças. Finalmente uma comunidade cria a “mesma” cultura para todos os seus membros. As sociedades criam e produzem culturas “diferentes” e mesmo antagônicas. Por isso as sociedades conhecem um fenômeno inexistente na comunidade: a ideologia.

7º PARTE: A CULTURA NOS DIFERENTES LOCAIS E ÉPOCAS
Como o ambiente geográfico sobre a face da Terra é muito variado, a adaptação do ser humano muda completamente de região para região. Numa região árida os hábitos dos habitantes são diferentes de uma região que impera a floresta. Numa região glacial, fria, os hábitos são completamente distintos
de uma região tropical. No Brasil mesmo, os hábitos da região sul (temperada) diferem dos hábitos da região nordeste (tropical). O desenvolvimento tecnológico no decorrer do tempo também faz a espécie humana mudar sua forma de vivencia. Assim, numa mesma região, em épocas distintas faz com que a população tenha hábitos distintos em vista do desenvolvimento tecnológico. Exemplo: a cidade de S Jose dos Campos nas décadas de 20/30/40 e essa mesma cidade nas décadas de 90/00. O fenômeno do deslocamento de grupos humanos de uma região para outra também proporciona criação e mudança de hábitos.

8º PARTE: O QUE SERIA A CULTURA ESPÍRITA
A Doutrina Espírita proporciona ao homem uma cultura? Hábitos, valores, costumes, religiosidade, psiquismos, psicologia novas? Analisemos Mudam os valores? Sim, os valores se alteram e em consequência os hábitos se alteram Quais os valores espíritas? Para refletirmos sobre os novos valores aos poucos assimilados pelos espíritas partimos das três máximas legadas por Kardec: •

“Nascer, morrer, renascer ainda, tal é a lei” • “Fora da caridade não há salvação” • “Amai-vos e instrui-vos”

Os valores da cultura espírita são dirigidos por tudo que a reencarnação trás envolvido em seu conceito. Também essa cultura se manifesta nas ações que o valor da caridade no sentido de amor ao próximo desperta no seu adepto. E finalmente através do “instrui-vos” a valorização do desenvolvimento do conhecimento. Eis as linhas mestras da cultura espírita.

9º PARTE: AS RELAÇÕES HUMANAS – A TEIA
A vida humana é uma vida de relações. Relações com outros seres humanos. Ao analisar a nossa vida, nossos procedimentos, nossas ações são estas em grande parte influenciados por outros. A maior ou menor dependência dessas relações é característica de cada um de nós. Ao nascermos, somos dependentes de nossos pais. A seguir nos relacionamos com parentes, amigos da família. Na escola, novas relações, colegas, professores. Na adolescência, os amigos. A próxima fase é o da relação amorosa: namoros, noivado, casamento, vida profissional e assim por diante. Essas relações nos influenciam e através dela, influenciamos. Podemos comparar a uma teia. Somos os nós da teia. As nossas ações e palavras afetam os nossos relacionamentos. Atuamos através de nossas ligações aos outros nós. Essas relações são regidas por meio de uma lei natural denominada lei de sociedade.

10º PARTE: A LEI DE SOCIEDADE
A vida de relações é algo tão importante, natural e, sobretudo universal. O ser humano é um ser social. A percepção de Kardec foi tão aguçada que dedicou perguntas no seu diálogo com os Espíritos Superiores sobre a lei de sociedade. O Livro dos Espíritos em suas perguntas 766 a 775 enfatiza a necessidade da vida social pelo homem, questiona a vida de isolamento e o voto do silencio. Trata da família como célula social. Sua coesão se dá através dos laços de família. Essa naturalidade da vida de relações faz com que o homem estabeleça procedimentos de convivência chegando a compartilhar hábitos em função da adaptação no seu habitat natural

11º PARTE: CONCLUSÃO Ao entendermos a nossa cultura e outras culturas de nossa época ou não, passamos a compreender melhor o mundo e os fatos que neles acontecem.

Os preconceitos que possam ter ao desconhecer outras culturas podem ser amenizadas com esse conhecimento. Em outras palavras, quando convivemos com as diferenças passamos a respeita- las.

Ao conhecermos e compreendermos as diferentes culturas que existem e que existiram sobre a face da Terra, com certeza estaremos minimizando os nossos preconceitos e entendendo melhor a vida planetária. Alan Krambeck

12º PARTE: MÁXIMA / LEITURAS E PREPARAÇÃO PARA A PRÓXIMA AULA Próxima aula: Livro 2 – Capítulo 13 - A Axiologia - A Teoria dos Valores Leitura: TEMAS DE FILOSOFIA – M Lucia A Aranha – Edit. Moderna FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA – Manuel G. Morente – Ed. Mestre Jou