quinta-feira, 14 de outubro de 2021

PENSAMENTO E INFLUÊNCIA

 

Influenciam os Espíritos em nossos pensamentos e atos?

- Muito mais do que supondes. De ordinário, são eles que vos dirigem.  O Livro dos Espíritos, questão 459.

 


O Espírito encarnado sofre influências diversas: desde a do ambiente familiar e social, como do subconsciente a refletir características que traz de passadas existências.

Todos estamos ligados uns aos outros por ondas luminosas que, pela atuação magnética, promoverá antipatias e simpatias e escolhas para realizações próprias neste ou naquele setor da atividade humana.

O pensamento, sendo uma força que se propaga pelo éter universal, é o laço que nos prende às nossas realizações, pois que, através dele, havemos de nos imantar a objetivos que se conjugam em harmonias como desejo de outras mentes, sejam elas encarnadas ou desencarnadas.

Em nossa vivência terrena, analisamos dolorosos quadros de perturbação mental, e em todos eles, detectamos que a ligação da mente individual com outras mentes individuais, porém, como o mesmo propósito de destruição do poder criador que a mente reflete do Incriado, promovia os quadros tristes a que no referimos.

Compreendemos então que, mesmo tendo o Ser encarnado uma vivência honesta em seu cotidiano, em seu íntimo não havia mudança em relação aos atos que ainda lhe calavam fundo n’alma, atingindo e atraindo os a quem precisava perdoar.

A obsessão tem nuances que só com uma observação acurada poderão ser percebidas e a mediunidade esclarecida pelo Espiritismo, conduzindo-nos ao contato com os Benfeitores Espirituais, é excelente ferramenta – quando bem utilizada – no auxílio ao tratamento dos que se encontram destrambelhados d ‘alma.

O perispírito organizando a estrutura celular que forma o corpo físico colocará em sua formação os defeitos físicos e os caracteres mentais, a refletir o estado em que o Espírito se encontrava antes de reencarnar. É ainda o elo para as mentes que se interconectam em ambientes apropriados para o trabalho de evolução que deverão realizar. É ele também a chave que explica as formações teratológica (Significado de Teratológico adjetivo [Medicina] Relacionado com teratologia, com a ciência que se ocupa do desenvolvimento anormal e das malformações congênitas, daquelas que ocorrem no embrião ou no feto. ... Do grego “teratologia, as” ato de narrar coisas monstruosas ou monstruosidades”.)  com que se defronta a Medicina terrena, como no caso dos xifópagos.

O pensamento orientado para o Bem é a melhor segurança contra os desvarios do homem velho e do ataque dos verdugos que nos foram vítimas no passado.

Atentando na resposta dos Benfeitores espirituais na questão 459 de O Livro dos Espíritos, cabe-nos a vigilância em nossos pensamentos e atos, tanto quanto a lembrança do que escreveu o Apóstolo Paulo em Coríntios sobre os dons espirituais a citar o de discernir os espíritos (nota do médium: I Coríntios 12:10

Discernimento, eis a palavra-chave para o nosso bem estar mental.

Inácio Ferreira

 

 

 

CURAS

 

As curas espirituais se dão por lei dos fluidos benéficos que existem latentes em cada ser humano.

Jesus com o conhecimento das Leis terrenas – até porque ele as fundamentou como Governador do orbe que é – promoveu os fenômenos que até hoje são estudados pelos estudiosos das ciências psíquicas que, em nome da Verdade, vem promovendo o esclarecimento da Humanidade ansiosa por saber se livrar de suas dores e transmitir o mesmo aos seus semelhantes.

Curar as dores se fundamenta no ato do amor ao próximo, porém, não basta a força e o conhecimento da manipulação dos fluidos para que a Luz do Amor brilho no teu íntimo. Médium e paciente devem sintonizar com as Sábias Leis de Deus e, cumprindo a Sua Vontade haverão de, em se melhorando moralmente, também contribuírem para a cura do mundo interno do homem.

Que as nossas mãos sejam instrumentos do Amor Divino que se irradiará de nós em direção da sujidade que vige no Planeta, purificando a lama psíquica – verdadeiro cinturão ao redor da Terra pelos pensamentos desarmônicos de muitos.

Com votos de que o Evangelho do Senhor seja a meta que nos dispomos a alcançar sou o amigo do Amigo Incomparável, o servidor,

Ivon Costa

Livro Sementes de Paz - psicografia de Leonardo Paixão – Espíritos Diversos

 

terça-feira, 12 de outubro de 2021

A SEGUNDA MILHA

 


“Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas.” (Mt, 5: 41)

A compreensão é um estado da alma. Aquele que compreende está sempre disposto a ceder e esperar.

Quando Jesus no recomenda uma caminhada mais longa com quem nos obriga a acompanha-lo durante certo trecho de caminho, o Mestre faz um apelo à nossa capacidade de compreensão.

Se fôssemos ofertar às pessoas somente o que elas próprias nos ofertassem, não sairíamos do lugar em matéria de entendimento.

Alguém deve tomar a iniciativa de renunciar em benefício da paz.

Dentro do lar, diariamente somos chamados a longas caminhadas na estrada do perdão.

No relacionamento com o próximo, carecemos de andar muitas léguas por dia, no que diz respeito à solidariedade fraternal.

Nas tarefas profissionais que abraçamos, torna-se imprescindível a perseverança diuturna, se logramos alcançar o êxito almejado.

No combate às imperfeições que trajemos no íntimo do ser, não podemos esmorecer logo nos primeiros passos da marcha redentora.

Na seara do bem, a vida nos pede que percorramos exaustivas trilhas, aprendendo a contornar obstáculos.

Quem mais caminha mais oportunidades encontra.

Muita gente desiste de seguir adiante quando estava prestes a concluir a jornada.

Há quem desista da compreensão no exato momento de colher os frutos de tal semeadura.

Aconselhando-nos uma caminhada além das expectativas de quem a ela nos obrigasse Jesus, uma vez mais, revela-se profundo conhecedor da alma humana...

 É que doando aos outros o que os outros não esperam de nós, estimulamo-os à reflexão sobre nosso gesto de maior despendimento.

Daremos a eles uma prova de nossa capacidade de ir além das exigências, porque a segunda milha é aquele trecho da jornada em que as mudanças que esperamos operar, nos outros podem acontecer.

A primeira milha é a do dever, da obrigação, já que todos os que vivemos em sociedade somos exortados ao mínimo de esforço pela convivência pacífica.

A segunda milha é a que Jesus aguarda que percorramos ao lado dos companheiros intolerantes e arbitrários, exigentes e orgulhosos, pois é justamente nela que os nossos exemplos começam a falar mais alto, tocando-lhe a alma.

Portanto, não reclamemos de cansaço.

Com Jesus, que ainda agora prossegue conosco na expectativa de que mudemos, caminhemos com os amigos de nossa estrada quanta milhas forem necessárias, se efetivamente desejamos vê-los transformados.

Por modo de carregar a cruz, antes mesmo de alcançar o topo do calvário, Jesus já havia modificado dezenas de pessoas que lhe acompanhavam o martírio silencioso e, ainda hoje, aquela segunda milha percorrida pelo Cristo permanece como um apelo eloquente à consciência de toda a Humanidade.

Alkindar de Oliveira O espírita do Século XXI


Leia Mais sobre o tema

Segunda Milha (Emmanuel F.C.X)

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

SER HUMILDE É BEM MAIS FÁCIL - Rita Foelker

 Estava ao mesmo tempo pesquisando para escrever este artigo e agindo por curiosidade pessoal, enquanto procurava relacionar algumas desvantagens do orgulho. Porque se ele é uma espécie de cegueira ou de miopia - O Evangelho Segundo o Espiritismo fala em "catarata"- que distorce as coisas para as quais olhamos e também a nossa própria imagem, é quase certo que o orgulhoso não consiga enxergar claramente as dificuldades que o orgulho lhe acarreta.

Calunga, o querido amigo espiritual, apresentou algumas. Diz ele:

"O orgulho vai fazer você perder totalmente a isenção do discernimento.

 O orgulho vai impedir de pedir desculpas, mesmo quando lá no fundo você sentir que está errado. E vai fazer você  viver como um ser diferente daquele que você é".

Discernimento é um instrumento muito importante para nossa orientação e decisões na vida. O filósofo e escritor indiano Jiddu Krishanmurti em "Aos pés do mestre"adverte que ele 

"deve ser exercido entre o bem e o mal,

 o importante e o não importante, 

o útil e o inútil, 

o verdadeiro e o falso, 

e egoísta e o desinteressado".

 Pense nas mentiras que tomamos por verdades, no mal que consideramos como bem, e pense nas possíveis consequências. Fiquei imaginando as coisas desimportantes que ele no faz considera importantes, e o esforço inútil que é despendido em obtê-las, quando poderíamos  fazer algo útil (mas falta discernimento!) O jornalista Emile Henry Gauvreay observa com perspicácia que:

 "Construirmos um sistema que nos convence a gastar dinheiro que não temos, para comprar coisa que não precisamos, para criar impressões que não vão durar em pessoas par quem, nem ligamos". 

Vê-se que o orgulho, além de nos impedir de discernir, ainda nos faz trabalhar e lutar por objetos e satisfações que se mostra vazias e ilusórias.

Bom, até aqui falamos de "coisas externas"...

Mas depois, ao olhar para nós mesmos, segundo Calunga, não apreciaremos ter falhado ou nos termos equivocado, se o orgulho não permitir. Sempre nos daremos razão, porque admitir erros, para o orgulho, equivale a diminuir-se. E como ele, alterando nossa visão, modifica nossa ação segundo o que ele nos permite ver, não conseguiremos ser nós mesmos.

Mas acontece que "quem tem medo dos erros cometidos é o orgulho tagarelando na sua cabeça. O orgulho não gosta de errar e não gosta de ver que errou. Ele vai se doer todo, se tiver que aceitar a verdade. Já a humildade não dói...", afirma o amigo espiritual.

O orgulho além do mais, já provocou outras confusões sérias, de efeitos terríveis.

 Lemos no capítulo 7 de A Gênese, de Kardec,

que o orgulho fez com que o ser humano afirmasse terem sido os animais criados por causa e para satisfação de suas necessidades. Um equívoco que ainda convence muitas pessoas atualmente. Um pouco de clareza mental, contudo, leva a um raciocínio: o de que o número dos animais que tem alguma serventia para os seres humanos é infinito, perante a quantidade daqueles com os quais ele nunca se relacionou nem vai se relacionar. "Como se pode sustentar semelhante tese, em face das inumeráveis espécies que exclusivamente povoaram a Terra por milhares de séculos, antes que ele aí surgisse, e que afinal desapareceram? Poder-se-á afirmar que elas foram criadas em seu proveito?"

Bem, continuando com nossa listinha de desvantagens, o  orgulho também impede os ganhos da aprendizagem, sendo um fator de manutenção da ignorância. 

O capítulo 15 também de A Gênese, 

menciona o orgulho dos fariseus, afirmando que eles consideravam sua inteligencia superior à dos demais e não aceitavam uma observação de uma pessoa do povo. 

Isso nos lembra de uma ideia inteligentemente oposta, a de Cora Coralina, que diz:

 "O saber a gente aprende com os mestres e os livros, A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes".

O orgulho também, junto com o egoísmo, pode levar a prejudicar os semelhantes. 

No capítulo 18 de A Gênese, lê-se: 

"Enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da sua inteligência e dos seus conhecimentos para satisfazer às suas paixões, e aos seus interesses pessoais, razão por que os aplica em aperfeiçoar os meios de prejudicar os seus semelhantes e de os destruir." 

Passando para outro livro, chegamos a O céu e o Inferno, 

onde textualmente lemos que "o orgulho é o inimigo da felicidade. É dele que promanam todos o males que acometem a Humanidade e a perseguem até nas regiões celestes". Ou seja, além de não deixar discernir, promover a ignorância, prejudicar o próximo e impedir a felicidade, ele ainda acompanha a criatura até a outra vida!.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo VII,

 Kardec observa que o orgulho é um ato de revolta contra Deus. Como um dos problemas que acometem nossa visão - falamos de cegueira e miopia -, no mesmo capítulo está escrito que "o orgulho é a catarata que tolda a visão. De que vale apresentar a luz a um cego? Necessário é que, antes, se lhe destrua a causa do mal. Daí vem que, médico hábil, Deus primeiramente corrige o orgulho".

O que é um fato, pois decorrente do probleminha de visão, é que desde que  "o orgulho se mostra indulgente para com tudo o que o lisonjeia", ele também não lhe permite observar a falsidade e a hipocrisia, alegrando-se com a lisonja e os falsos elogios.

"O orgulho é o terrível adversário da humanidade."

 "O orgulho, eis a fonte de todos os vossos males." 

"O orgulho é sempre castigado, cedo ou tarde, pela decepção e pelos malogros que lhe são infligidos."

São outras afirmações pertencentes às Obras de Kardec sobre o mesmo tema, que nos deveriam deixar de sobreaviso perante suas investidas.

E até o momento ainda não eu nada escrevi sobre as ciladas que o orgulho reserva especificamente aos médiuns. 

O Livro dos Médiuns inclui os médiuns orgulhosos entre os médiuns imperfeitos ( item 196),

 definindo-os como aqueles que se envaidecem das comunicações que lhes são dadas; julgam que nada mais tem que aprender no Espiritismo e não tomam para si as lições que recebem frequentemente dos Espíritos. Não se contentam com as faculdades que possuem, querem tê-las todas". Como variedade desses, considera os médiuns suscetíveis: aqueles que "suscetibilizam-se com as críticas de que sejam objetos suas comunicações; zangam-se com a menor contradição e, se mostram i que obtêm, é para que seja admirado e não para que se lhes dê um parecer. Geralmente, tomam aversão às pessoas que os não aplaudem sem restrições e fogem das reuniões onde não possam impor-se e dominar". 

Por outro lado, para que as palavras dos espíritos superiores cheguem até nós isenta de qualquer alteração, são condições necessárias querer o bem e repelir o orgulho e o egoísmo (item 226). 

O médium orgulhosos, portanto, dificilmente poderá se um intermediário confiável de instruções espirituais aos encarnados.

Bom, talvez já esteja suficiente para uma primeira oportunidade. Não desejamos cansar o leitor, apenas esperamos, com apoio nessas referência citadas, ter colocado o orgulho sob uma luz tão forte, que seja muito difícil evitar enxergar...

Rita Foelker

Extraído do blog https://cursodeespiritismo.blogspot.com/2014/07/ser-humilde-e-bem-mais-facil.html


Veja mais 

É o Orgulho Rita Foelker




sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Mediunidade não tem manual de instruções - Rita Foelker

 

“Como faculdade humana, ela apresenta características que podem variar muito de um médium para outro”

 

Quando adquirimos um televisor na loja, ele vem acompanhado de um manual. Isso, porque televisores são fabricados em série. Todos os aparelhos, de mesma marca e modelo, funcionam igualmente e espera-se que o usuário encontre, no manual, orientações precisas sobre sua operação e controles.

 

Mas a faculdade mediúnica não pode ser abordada da mesma forma. Não há condutas padronizadas que levem a sentir a presença dos espíritos ou contatá-los e, nem mesmo, sobre como transmitir o que dizem.

A prática da mediunidade durante muito tempo esteve associada a mistério, a rituais ou a certas visões religiosas. Parecia ser algo totalmente dependente de causas e efeitos sobrenaturais, envolvendo pessoas com poderes ou dons especiais, em circunstâncias muito específicas, com formalismos vários. 

 

Esse tipo de visão frequentemente contaminou nosso entendimento acerca das reuniões espíritas e dos médiuns, criando padrões de comportamento ritualísticos.

 

Contudo, a filosofia espírita encara a mediunidade de um modo bastante diferente... 

 

Com a publicação de O livro dos médiuns, de Allan Kardec, em 1861, as potencialidades mediúnicas passaram a ser vistas como capacidades humanas naturais, que existem dentro e fora do contexto ritual ou religioso, e que independem de crença religiosa ou filosófica para produzir fenômenos.

 

Essa naturalidade, no entanto, não padroniza e nem deve levar a entender que a existência da mediunidade em todos os seres humanos significa que ela é igual em todos os seres humanos. Logo, cabe a cada médium entender e aprender a conviver com a sua própria mediunidade.

 

Desenvolvimento mediúnico natural

 

O livro dos médiuns contém instruções muito claras para quem deseja bem entender e exercitar a mediunidade. Uma das suas importantes contribuições à compreensão do tema é considerá-la como uma faculdade natural, que deriva de leis presentes na Natureza e que, portanto, não está limitada a certas crenças ou, mesmo, a práticas que visem “concedê-la”, “desenvolvê-la” ou “manifestá-la”.

 

A rigor, mediunidade é um tipo de sensibilidade que necessita de observação e análise, para ser compreendida e melhor vivenciada, visto ter caracteres distintos de um indivíduo para outro. Aquilo que um médium percebe, o modo como é registrado, física e/ou intelectualmente, o modo como é interpretado e manifestado para outras pessoas está relacionado a características individuais.

 

Um estudo que oferece um panorama geral da “variedade infinita de matizes” assumidos pela mediunidade está no 

capítulo XVI da obra citada, “Dos médiuns especiais”. (Destaca-se o termo “infinita”, escolhido por Kardec.)

 

 Lá encontramos médiuns para diferentes efeitos físicos e intelectuais; psicógrafos que diferem quanto ao modo como executam a psicografia; médiuns que se distinguem quanto ao nível de desenvolvimento da faculdade; médiuns que recebem mais facilmente comunicações em prosa ou poesia, com maior clareza ou obscuridade nos conceitos transmitidos; que abordam melhor temas filosóficos ou históricos ou, então, temas triviais, incluindo os obscenos; médiuns que são mais lentos ou mais velozes na recepção das comunicações; médiuns que se distinguem por suas qualidades morais, sendo presunçosos, suscetíveis, invejosos, de má-fé, ou então, humildes, devotados, sérios...

 

Observam-se diferenças também na intensidade dos efeitos que cada médium obtém. E além do mais, dificilmente um médium apresenta um só gênero de faculdade, existindo combinações numerosas possíveis, entre vários tipos mediúnicos, reunidos numa só pessoa.

 

Em vista disso, O livro dos médiuns não teria como ser um manual de instruções, nem de fórmulas, nem de receitas. Porque mediunidade não se manifesta sempre igual. E, pelo mesmo motivo, quem procura criar fórmulas e receitas para lidar com a mediunidade revela seu desconhecimento sobre a qualidade peculiar da faculdade mediúnica de cada um.

 

Por meio do estudo e do conhecimento, adquirido em boas leituras, no convívio com outros médiuns e no próprio exercício mediúnico, e pela própria auto-observação, cada qual vai compreendendo que é responsável pelos seus relacionamentos com os espíritos, pelos seus estados mentais e emocionais serem mais um menos influenciados, e, também, pelas comunicações que transmite. 

 

Com a experiência, pode aprender a distinguir seus pensamentos e emoções daqueles que provêm da ligação com os espíritos, o que lhe trará um acréscimo em autoconhecimento. Se bem aproveitar a oportunidade, encontrará também na mediunidade uma condição que contribui para a sua própria evolução espiritual.

 

Rita Foelker

 

http://cienciadoinvisivel.blogspot.com/2014/03/mediunidade-nao-tem-manual-de-instrucoes_27.html

 

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

“Bem aventurados os aflitos”, Bem e Mal Sofrer - Por Chico Xavier

 

“É que precisamos contentar-nos com o que temos; estamos ricos, sem saber aproveitar a nossa felicidade... 

No dia 18 de abril do ano passado, comemoramos 124 anos de “O Livro dos Espíritos”. Ali, à sombra do abacateiro, em conversa amiga com vários confrades de outras cidades, aguardávamos a presença de Chico Xavier. Como sempre acontece, muitas caravanas estavam presentes. Alguém tocava a inspirada melodia do poema “Alma gêmea”, que Emmanuel fizera para Lívia...

O ambiente era de muita paz.

O “Lar da Caridade”, ex-Hospital do Pênfigo de Uberaba, enviara uma camionete carregada de sacos de macarrão para repartir com “os pobres mais pobres”. Maravilhoso exemplo!  Uma Instituição que ampara perto de 500 pessoas, que luta com dificuldade, preocupando-se também com os que nem sequer têm onde morar, ajudando outros grupos.

Em meio a esse clima de amor, Chico chega e é recebido com palmas, que agradece desconcertado.

Com voz pausada, ele lê o texto da mensagem evangélica da tarde:

Cap. V – “Bem aventurados os aflitos”, Bem e Mal Sofrer.

Vários companheiros são convidados pelo Sr. Weaker a tecer comentários sobre o assunto e, enquanto tal ocorre, percebo que Chico dialoga baixinho com os Espíritos; eu o vejo movimentando os lábios, como que a monologar.

Perto de mim, ouço uma senhora dizendo. “Eu gostaria de chegar mais perto dele, mas de que jeito?“

Do outro lado uma criança, sustentada no colo por sua mãe, oferta ao Chico um ramalhete de flores silvestres; ele sorri e agradece; depois, discretamente, guarda as flores o bolso de dentro do paletó, perto do coração...

Quantos, ali, não daríamos tudo por cinco minutos mais intimamente com ele?!

Parece que, percebendo o anseio de cada um, Chico pede para falar por alguns minutos:

“Eu gostaria de oferecer-lhes, pessoalmente, mais tempo, Às vezes, a gente comete a falta da ingratidão sem desejar. (...) Tenho procurado cumprir com os meus deveres para com os Espíritos Amigos e para com os espíritas amigos.”

E ele falo do seu estado de saúde atual, do tempo reduzido que ainda lhe resta no corpo:

- Eu me contento com a alegria de vê-los a todos; gostaria de me sentar com cada um para conversar sobre as nossas tarefas.

E pede perdão por estar doente!...

Emmanuel, presente ao culto, pede agora, ao Chico, que fale um pouco sobre o tema do Evangelho:

À medida que a Providência Divina determina melhoras para nós na Terra, inventamos aflições. (...) Para cultivar o solo temos o auxílio do trator, antes só possuíamos carros-de-bois... Hoje, temos veículos, motorizados encurtando distâncias, mas não nos contentamos com os 80 km/h: antes, andava-se a pé... Hoje, a geladeira conserva quase tudo; antes, plantava-se canteiros...”

Fala do conforto em que o homem vive e de seu comodismo espiritual:

“É que precisamos contentar-nos com o que temos; estamos ricos, sem saber aproveitar a nossa felicidade... Antes, as pessoas idosas desencarnavam conosco, hoje as mandamos para os abrigos... Tínhamos um pouco de prosa durante o dia, a oração à noite... Agora inventamos dificuldades e depois vem o complexo de culpa e vamos para os psiquiatras. (...) Se estamos numa fila e uma senhora doente nos pede o lugar, precisamos cedê-lo. Recordemo-nos da prece padrão para todos os tempos que é  Pai Nosso, quando Jesus nos diz: O pão nosso de cada dia... Por que acumular tanto? Existem pessoas que possuem 35 pares de sapatos onde é que irão arrumar 70 pés?! (...) Estamos sofrendo mais por excesso de conforto do que por excesso de desconforto. Morre muito mais gente de tanto comer e de tanto beber, do que por falta de comida,-(...) A inflação existe, porque queremos o que é demais...”

E conclui: “Esta é a opinião dos Espíritos. Perdoem-me se eu falei mal, mas se eu falei mal, falei foi de mim.”.


Extraído do livro Chico À Sombra do Abacateiro – Carlos A. Bacelli.

 

domingo, 3 de outubro de 2021

“Buscai e Achareis” Chico Xavier - livro À Sombra do Abacateiro

 28 DE MARÇO DE 1981

 “O Evangelho Segundo o Espiritismo” convida-nos a examinar o Cap. XXV “Buscai e Achareis”.

 Na tarde de 28 de março do ano em curso, chovia muito em Uberaba. Pacientemente, Chico esperava que o aguaceiro cessasse. A copa frondosa do abacateiro oferecia precário abrigo para todos os que ali nos reuníamos ávidos por aprender. A reportagem do programa “Fantástico”, da TV— Globo, do Rio de Janeiro, filmava tudo de dentro de um carro de aluguel. Como sempre, várias caravanas de diversos Estados, estavam presentes, notadamente de Curitiba, Paraná. 

A chuva amaina e o Sr. Weaker convida-nos ao início da reunião na Vila dos “Pássaros Pretos”. A prece, como de hábito, é proferida pelo Prof. Thomaz. Chico toma a palavra e explica que o culto se divide em duas partes: 

a primeira, dos comentários em torno de uma página do Evangelho, 

a segunda, “o encontro com os amigos que nos hospedam. 

 “O Evangelho Segundo o Espiritismo” convida-nos a examinar o Cap. XXV “Buscai e Achareis”. 

Cada companheiro convidado aos comentários por orientação de Chico, não deve exceder ao tempo de quatro minutos, para que tenhamos um maior número de opiniões em torno do texto lido”. 

Uma confreira, fazendo uso da palavra, observa que

 “é pelo trabalho que caminhamos rumo à conquista do Amor”;

 Alguém assinala que o trabalho, conjugado à oração, constitui excelente antídoto contra a tentação; por nossa vez, acentuamos que o trabalho longe de ser uma expiação é uma bênção de Deus; 

Gasparetto, também presente à tarefa, destaca o trabalho como terapia:

 D. Zíbia Gasparetto, médium de psicografia que todos admiramos, adverte-nos para o trabalho de nos conhecermos intimamente:

 Langerton, o amigo de Peirópolis, diz que “o trabalho é a nossa âncora”; 

Márcia comenta que o “ajuda-te” é mensagem para que tenhamos iniciativa própria e que “o Céu te ajudará” traduz a confiança que devemos depositar na Providência Divina... 

Apesar da chuva, os nossos irmãos carentes, entre eles muitas crianças e velhinhos, não arredaram o pé da fila que daí a instantes seria beneficiada com os óbolos da fraternidade, numa demonstração eloquente de que ali estão por necessidade e não por ociosidade, como divulgam alguns adversários da Caridade. 

Agora, era chegado o grande momento: 

Chico Xavier, inspirado por Emmanuel, ia falar. Apesar de completamente ensopados, inclusive o Chico molhara-se um pouco, procuramos colocar-nos na máxima condição de receptividade para ouvir.

 Aos beijos do Sol, um arco-íris emoldura o templo da Natureza. Chico fala: 

— “Estamos aqui reunidos, sob a chuva, para nos conhecer com mais segurança.”

 “Estamos numa hora de confrontação. (...)” 

“Quantos não gostariam de estar trabalhando sob a chuva?

 Quantos enfrentam o problema da terra ressequida?...” 

“A calamidade da seca é comparável a dos terremotos...”

 “Há mais de dois anos não chovia em sete Estados da Federação.”

 “Em João Monlevade, Minas Gerais, centenas de operários lidam com o aço em fogo, nas grutas...”

 “Eu conheço moças que trabalham em boates para sustentar mães que estão em Sanatórios...” 

“... os que trabalham no clima da calúnia, em busca do numerário para obtenção do pão de cada dia...”

 “Nós não vamos esquecer essa chuva como lição-advertência.”

 “Hoje vamos retornar aos nossos lares com um conhecimento mais amplo de uns para com os outros.

 (...) “A facilidade, ao que nos parece, nunca ensinou nada a ninguém.” 

“Pela primeira vez, há quinze dias, aconteceu um desastre com algumas companheiras nossas quando retornavam a São Paulo, após orarmos no Grupo Espírita da Prece”. 

“Muitos, certamente, irão falar...”

 “Mas estarão se esquecendo de agradecer os milhares de reuniões, dos dias em que não houve nada...”

 “A chuva é uma amiga que também veio enfeitar o nosso culto, para termos a sensação dos que estão debaixo das pontes, dos casebres, dos andarilhos... Esta, a meu ver — encerrou o Chico — é a nossa maior lição desta tarde.”

 Sim, não havia o que reclamar. E a chuva, na voz de Chico Xavier, transformara-se em lição. 

A água das nuvens lavara-nos o exterior, mas a água dos Céus carreara, com o enxurro, mais alguns dos detritos que enodoam as nossas almas...