sexta-feira, 29 de julho de 2016

DEUS - CULTURA OCIDENTAL




Para nossa cultura ocidental, a questão de Deus começa no Valeo do Ur. Na Caldéia, onde um pastor, Abraão, cultua um Deus invisível. Jeová. Esse Jeová tornou-se nosso Deus, o Deus dos cristãos, pela força da tradição judaico-cristã, que domina nossa cultura.

A partir de Abraão, o povo judeu que dele descende, segundo a tradição bíblica, desenvolveu o culto do Deus único e invisível, que prometeu a Israel a hegemonia sobre todos. Jeová é o todo-poderoso Deus da guerra, protetor dos judeus contra seus inimigos, que fez o sol parar para o exército de Josué vencesse os filisteus, chover maná no deserto para matar a fome dos retirantes e derrubou as muralhas de Jericó, e ditou as tábuas dos dez mandamentos.

Os Judeus lutaram, pagaram com a vida, a fidelidade ao Deus único e invisível. A Bíblia é sua história, pontilhada de crimes, assassinatos, traições, dissenções e discórdias. Os Judeus e os cristãos fizeram dela “a palavra de Deus” e julgaram – como é natural – que “seu” Deus era o verdadeiro e o mais forte.
Mas, enquanto os descendentes de Abraão mantiveram sua fidelidade ao Deus único e invisível, os cristãos não aguentaram a pressão, sucumbiram diante do apelo das massas e humanizaram-no na figura de Jesus de Nazaré que passou a ser encarnação do mito judaico do Messias, embora os judeus o tenham repudiado como tal.

Ainda que Jesus quisesse ser apenas o que foi, isto é o Mestre, a igreja transformou-o na encarnação do Deus-vivo, Os deuses antigos eram quase sempre mortos, isto é, objetos ou representações de animais ou pessoas, que possuíam uma vida intrínseca, uma imortalidade difusa. Mas os cristãos criaram seu próprio Deus-vivo. E, no mistério da santíssima trindade, retomaram símbolos antigos, dividiram a divindade em três partes, mas apesar disso mantiveram a indivisa.

Dessa forma, o jovem nascido em Nazaré, filho de Maria e José, passou historicamente a nascer em Belém, de uma virgem, para coincidir com os textos proféticos. Depois se transmudou para seu próprio Pai, mantendo a posição de Filho e, ainda por cima, se manifestando como o Espírito Santo. Com essa alquimia semântica e confessional, a Igreja tentava manter a unidade da pessoa de Deus – já que sua visão é antropomórfica – mas fazendo-a tripartir-se, de modo que ao mesmo tempo estava no “céu”, como Pai, na Terra como Filho e no espaço como Espírito Santo.

Incapacitados de manter a fidelidade judaica, os povos catequizados pelo cristianismo, exigiam, para satisfazer sua atávica ligação com deuses particulares e palpáveis formas concretas para adorar. Sobrevieram os vários deuses cristãos, que a modo do Olimpo grego, dos costumes romanos e outros povos pagãos, protegem a família, o parto, a fertilidade, as corporações, como patronos ou santos de devoção.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

A CONCEPÇÃO ORIENTAL DE DEUS




A concepção de Deus tem matizes muito próprios. Também antropomórfica, guarda relação estreita com a estrutura das sociedades orientais. Brahma, o Deus indiano, é composto de posições estratificadas conforme a localização nos pés, cabeça e outras partes do corpo em escala crescente, que correspondem também à divisão das classes sociais. Os sábios orientais misturaram sapiência, tranquilidade, com omissão, alienação. As religiões daquela área acabaram por patrocinar uma situação mental que justificou a existência de populações miseráveis, famintas, analfabetas, fanáticas, ao lado do fausto, da magnificência de templos e uns poucos potentados.

Maomé, o admirável profeta, polarizou regiões e povos diversos e fundou uma religião fechada, fanática, cegamente obediente ao Profeta de Alá, o Deus poderoso que por sua vez nos parece impiedoso e cruel. Ali também um grupo de potentados domina, enquanto a maioria é analfabeta e fanatizada, sábios, matemáticos, cientistas, poetas e escritores, conquistadores famosos perfilam ao lado de populações miseráveis.

Jaci Regis – Do Homem e do Mundo pag 21 e 22.

Assuntos relacionados:

DEUS
O ESPIRITISMO E A CIÊNCIA
DEUS NA MITOLOGIA GREGA
DEUS SENTIMENTO INATO
QUESTIONAMENTOS SOBRE DEUS


DEUS E A MITOLOGIA GREGA



A mente embrionária não podia compreender a unidade do poder divino. Para tentar equacionar sua perplexidade, adorou vários deuses. Era uma forma de responder à diversidade das manifestações da natureza e atender  aos seus próprios interesses. Essa especialização das forças divinas ajustavam-se à necessidades de proteção para os problemas afetivos, as paixões, o amor, o ódio, a colheita, a fertilidade, os negócios da guerra e do poder.

Mais tarde essa concepção politeísta foi absorvida teoricamente pelo panteísmo, que  tomava Deus como o resultado de todos os corpos, de todos os seres. Ele seria efeito, uma somatória, e não causa. Cada um seria parte da divindade, um deus diluído, pulverizado, que aspirava tornar ao “todo”, deixar de ser um individuo. Esse sistema, bem se vê, peca pela falta de qualquer sustentação lógica.
Nenhuma mitologia é mais rica do que a grega, os gregos simbolizaram toda a trama das paixões humanas nas figuras dos deuses do Olimpo. Estes disputavam entre si amores e ódios, proteção e vingança. Estetas os primeiros gregos transformaram as virtudes em esguias da felicidade e a luta ingente do homem para superar-se na luta dos heróis, na urdiduras do deuses, delfins e musas, encantando e maravilhando as criaturas com as fraquezas de Zêus e corte olimpiana.

Os deuses gregos tinham todos os defeitos humanos, naturalmente aumentados, com também poderes sobre humanos, e inteligência superior, agindo como pessoas dotadas de imortalidade. Não poderia ser diferente. É inevitável que, numa primeira etapa, o homem projete na divindade seus sentimentos pessoais e que seu entendimento de Deus esteja de acordo com seu nível de compreensão e desenvolvimento. Supor o contrário é prova de ilogicidade.


DEUS – SENTIMENTO INATO



A crença num ente superior é inata, nasceu espontânea em todas as civilizações. O bruto, o primata, volta-se, incontinenti para algo que supõe superior, que lhe governa a vida, que brinca com seu destino e, cheio de medo presta-lhe culto, que é o reconhecimento de sua fraqueza e sua necessidade de socorro e proteção. Simboliza esse Ser ou força superior, nos elementos climáticos, num animal forte ou astuto, em um indivíduo corpulento ou delgado, horrível ou belo, brutal ou sábio e, de pronto, organiza cerimônias, sistemas e sacerdócio para administrar os mistérios da vida e da morte e para intermediar, comunicar-se com essa força culta e decisiva, que arbitra entre o bem e o mal, dá e retira a fertilidade do solo, puni e socorre.

O nativo, o selvagem, cultua Deus na natureza, pela magia que envolve a presença do Sol, da Lua das estrelas. São imagens distantes e ao mesmo tempo presentes que aquecem que dão vida ou são misteriosas. O sentimento em relação à força superior é um misto de medo, de amor, ódio, nostalgia, esperança e morte. Tudo isso preenche, de alguma sorte, o vazio, a impossibilidade de entender o porquê estar ali vivendo, o confronto das realidades e os desafios do dia-a-dia.

Na sua tentativa de obter favores ou acalmar os humores de seu Deus, oferta-lhe alimentos e sacrifica animais, homens e mulheres. Tenta comunicar-se com ele, agradá-los, através de cânticos, danças e músicas, que ora exprimem sentimentos de adoração terna, ora são expressões de temor de tensão e superstição. Deus parece-lhe possuído de insaciável e cruel volúpia.

A mente embrionária não podia compreender a unidade do poder divino. Para tentar equacionar sua perplexidade, adorou vários deuses. Era uma forma de responder à diversidade das manifestações da natureza e atender  aos seus próprios interesses. Essa especialização das forças divinas ajustavam-se à necessidades de proteção para os problemas afetivos, as paixões, o amor, o ódio, a colheita, a fertilidade, os negócios da guerra e do poder.
Jaci Regis – Do Homem e do Mundo pag 20 e 21.

QUESTIONAMENTOS - DEUS




Mergulhada no estudo da matéria, a ciência penetra-lhe cada vez mais os segredos, num esforço constante e sistemático pra descobrir os códigos da vida, as combinações que comandam as formações atômicas, o extraordinário mundo celular, enfim, o universo microscópico, que apresenta o mesmo equilíbrio e, sob certa maneira, uma estrutura semelhante à dos corpos celestes, das constelações que povoam o universo macroscópico, devido às leis de agregação e desagregação na dinâmica vital.

Olhando, por exemplo, o organismo humano, surpreendemo-nos com a extraordinária capacidade deste de produzir recursos para sua sobrevivência, reprodução, desenvolvimento, em ritmo e estrutura que denotam, claramente, um princípio organizador inteligente. É uma obra genial, embora ainda imperfeita. Se a civilização moderna orgulha-se de produzir um computador, que pode, devidamente programado, realizar em poucos segundos, tarefas intricadas e, entretanto mais não é que um complexo de circuitos eletrônicos, que dizer do homem, a partir de seu organismo, até as funções intelectuais e afetivas, que o colocam no topo da pirâmide evolutiva?

Quem ou o quê governa tudo isso? Quem dirige esse universo estelar, essa mecânica celeste, mantendo rotações, órbitas, translações, essas distâncias que a luz, em sua estonteante velocidade, gasta bilhões de anos para percorrer?

Que princípio produziu as combinações atômicas conferiu a estrutura ao átomo, conduziu à formação de corpos simples e depois cada vez mais complexos? Quem ou o quê levou ao surgimento da inteligência e preparou o mundo para que nele o homem desenvolvesse?

Quem fez tudo isso? Uma inteligência Suprema ou um mecanismo frio, desenvolvido ao acaso? Um Ser Superior ou um acontecimento mecânico que desencadeou sem objetivos definidos, todo o processo da vida, conseguindo emergir da poeira cósmica (e de onde viria ela?) gerando planetas, sóis, sistemas, galáxias que se entretêm no miraculoso espetáculo de equilíbrio no espaço?

Tudo obedece a uma programação inteligente, com fins definidos ou terá sido também por mero acaso que somente neste glorioso, mas obscuro planeta Terra,  foi possível, com espantosa exclusividade, criar condições para nascer o homem, enquanto em todos os demais corpos celestes as planícies, montanhas, mares, desertos, florestas, permanecem em silêncio, sem que uma voz de um ser inteligente soe quebrando a solidão, sem que o amor fertilize a vida e se multiplique?

Jaci Regis – Do Homem e do Mundo pag 18 e 20.

Assuntos relacionados:

DEUS
O ESPIRITISMO E A CIÊNCIA
DEUS NA MITOLOGIA GREGA
CONCEPÇÃO ORIENTAL DE DEUS
DEUS SENTIMENTO INATO