quinta-feira, 28 de julho de 2016

DEUS – SENTIMENTO INATO



A crença num ente superior é inata, nasceu espontânea em todas as civilizações. O bruto, o primata, volta-se, incontinenti para algo que supõe superior, que lhe governa a vida, que brinca com seu destino e, cheio de medo presta-lhe culto, que é o reconhecimento de sua fraqueza e sua necessidade de socorro e proteção. Simboliza esse Ser ou força superior, nos elementos climáticos, num animal forte ou astuto, em um indivíduo corpulento ou delgado, horrível ou belo, brutal ou sábio e, de pronto, organiza cerimônias, sistemas e sacerdócio para administrar os mistérios da vida e da morte e para intermediar, comunicar-se com essa força culta e decisiva, que arbitra entre o bem e o mal, dá e retira a fertilidade do solo, puni e socorre.

O nativo, o selvagem, cultua Deus na natureza, pela magia que envolve a presença do Sol, da Lua das estrelas. São imagens distantes e ao mesmo tempo presentes que aquecem que dão vida ou são misteriosas. O sentimento em relação à força superior é um misto de medo, de amor, ódio, nostalgia, esperança e morte. Tudo isso preenche, de alguma sorte, o vazio, a impossibilidade de entender o porquê estar ali vivendo, o confronto das realidades e os desafios do dia-a-dia.

Na sua tentativa de obter favores ou acalmar os humores de seu Deus, oferta-lhe alimentos e sacrifica animais, homens e mulheres. Tenta comunicar-se com ele, agradá-los, através de cânticos, danças e músicas, que ora exprimem sentimentos de adoração terna, ora são expressões de temor de tensão e superstição. Deus parece-lhe possuído de insaciável e cruel volúpia.

A mente embrionária não podia compreender a unidade do poder divino. Para tentar equacionar sua perplexidade, adorou vários deuses. Era uma forma de responder à diversidade das manifestações da natureza e atender  aos seus próprios interesses. Essa especialização das forças divinas ajustavam-se à necessidades de proteção para os problemas afetivos, as paixões, o amor, o ódio, a colheita, a fertilidade, os negócios da guerra e do poder.
Jaci Regis – Do Homem e do Mundo pag 20 e 21.

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