segunda-feira, 11 de abril de 2016

Metafísica

 

Sérgio Biagi Gregório
SUMÁRIO:
1. Introdução.
2. Conceito.
3. Histórico.
4. Metafísica: 4.1. Origem do Termo; 4.2. Divisão da Metafísica; 4.3. Além da Matéria.
5. Depreciando e Reverenciando a Metafísica: 5.1. Sinônimo de Sobrenatural; 5.2. Depreciação do Termo; 5.3. Reverenciando a Metafísica.
6. A Metafísica Espírita: 6.1. Teoria Espírita do Conhecimento; 6.2. Ontologia Espírita; 6.3. Deus.
7. Conclusão.
8. Bibliografia Consultada.
 
1. INTRODUÇÃO
O que se entende por metafísica? É tudo aquilo que está além da física? Como surgiu este termo? Como você explicaria a metafísica espírita?
 
2. CONCEITO
Ciência dos entes espirituais ou incorpóreos, das coisas abstratas, intelectuais. Doutrina da essência das coisas. Conhecimento das coisas primárias e dos primeiros princípios. Ciência primeira, por ter como objeto o objeto de todas as outras ciências, e como princípio um princípio que condiciona a validade de todos os outros.
 
3. HISTÓRICO
Em termos históricos, Tales de Mileto é o primeiro dos metafísicos, pois ele quis achar a substância primeira, a physis, de onde tudo se originava. Pensou que este elemento primordial fosse a água, porque esta poderia se transformar em gelo (matéria sólida) pelo esfriamento e em ar (matéria gasosa) pelo aquecimento. Estava dada a partida para a busca da origem, doarqué, do princípio das coisas.
 
Sócrates e Platão não trataram diretamente da metafísica, mas forneceram subsídios úteis (Teoria das Idéias) à compreensão do tema. Para Aristóteles, a Metafísica é a ciência que estuda todas as causas, todos os princípios, todas as substâncias. Para Aristóteles, a Metafísica é a ciência primeira no sentido de fornecer a todas as outras o fundamento comum, ou seja, o objeto a que todas elas se referem e os princípios dos quais todas dependem.
 
Na Idade Média, a Metafísica permanece por longo tempo no campo da religião. Descartes, por sua vez, retoma o sentido filosófico, e afirma que o conhecimento de Deus e da alma é alcançado "pela razão natural". Depois de Descartes apareceram outros racionalistas. Kant, por exemplo, achava que o conhecimento depende apenas da razão, independentemente das experiências. Hegel, na sua dialética idealista e Marx, na sua dialética materialista, dão também as suas contribuições para a compreensão do tema.
 
4. METAFÍSICA
4.1. ORIGEM DO TERMO
Foi por acidente livresco que se deu o nome de Metafísica à filosofia primeira, isto é, ao estudo sistemático dos problemas fundamentais relativos à natureza última da realidade e do conhecimento humano. Isso deveu a Andrônico de Rodes que, no século I de nossa era, classificou a obra de Aristóteles, colocando os livros da filosofia primeira depois dos de física e se referiu a eles como "os que estão atrás da física" (tà metà tà physikà). Desde essa época, a metafísica é a parte da filosofia que se ocupa do que está mais além do ser físico enquanto tal.
 
4.2. DIVISÃO DA METAFÍSICA
A metafísica pode ser dividida em três partes:
1) ontologia (teoria do ser);
2) gnosiologia(teoria do conhecimento);
3) teoria do primeiro princípio do conhecimento e do ser (absoluto, Deus).
 
O fato de esta palavra referir-se tanto à ontologia, como à gnosiologia, e mesmo a Deus, dificulta a definição rigorosa da mesma.
 
4.3. ALÉM DA MATÉRIA
metafísica, no sentido de "tudo o que está além da matéria", coincide com o próprio desenrolar da filosofia. Observe que a filosofia surgiu como uma tentativa de explicar o mundo e sua origem a partir da razão e não por intermédio do oráculo, do mito. No mito a verdade é revelada pelos deuses; na metafísica ela deve ser buscada, achada com o recurso da razão, com o esforço do ser humano.
 
5. DEPRECIANDO E REVERENCIANDO A METAFÍSICA
 
5.1. SINÔNIMO DE SOBRENATURAL
Algumas pessoas entendem o termo "metafísico" como sinônimo de "sobrenatural". Daí, a preferência pelo uso de "filosofia" e "filosófico" em lugar de "metafísica" e "metafísico".
 
5.2. DEPRECIAÇÃO DO TERMO
Atribui-se a Charles Bowen, juiz britânico do século XIX, a definição de metafísico como "um homem cego num quarto escuro, que procura um gato preto que não está ali". Há também um complemento desta frase: "teólogo é a pessoa que acha o gato".
 
Augusto Comte, o fundador do positivismo na França, deslocou o absoluto para a região das fantasias. Bem antes dele, porém, Hume, em seu Ensaio sobre o Espírito Humano, dissera: "Quando, convictos da doutrina aqui ensinada, penetramos numa biblioteca, que destruição devemos causar?
 
Tomemos o livro de teologia ou de metafísica e perguntemos:
 
contém investigações sobre grandeza e números?
Não.
Contém o resultado de experiências acerca de fatos e realidades existentes?
Não.
Jogue-se então o livro ao fogo, porque não poderá conter nada além de sofisticarias e mistificações". (Barreto, 1977, p.188)
 
5.3. REVERENCIANDO A METAFÍSICA
O filósofo americano Hilary Putman diz: "Se eu tivesse a coragem de ser um metafísico, então acho que criaria um sistema no qual não haveria nada além de deveres. A metafísica, na imagem que eu criaria, seria definir o que deveríamos fazer". Para fundamentar o seu pensamento, afirma que todos os "fatos" se dissolveriam em "valores".
 
6. A METAFÍSICA ESPÍRITA
Perscrutando O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, podemos construir o edifício metafísico do Espiritismo, porque ali vamos encontrar explicações sobre Deus, Espírito e Matéria, entre outros.
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6.1. TEORIA ESPÍRITA DO CONHECIMENTO
A maneira pela qual se adquire o conhecimento é de vital importância não só para a Filosofia como para todos nós. De acordo com a tradição filosófica, há duas formas de se apreender o conhecimento:
 
 1ª) a platônica ou socrático-platônica, que envolve a questão da reminiscência das ideias (conhecemos pelo Espírito);
2ª) a sofística ou empírica, que se refere apenas aos nossos sentidos (conhecemos pelos sentidos). Daí, a pergunta: conhecemos pelo corpo ou pelo Espírito?
 
Para o Espiritismo, o homem é essencialmente um Espírito. O Espírito é a substância do homem e o corpo o seu acidente. Nesse caso, a percepção é uma faculdade do Espírito e não do corpo. É uma faculdade geral do Espírito que abrange todo o seu ser
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6.2. ONTOLOGIA ESPÍRITA
Ontologia é a parte da filosofia que trata do ser enquanto ser. Na Filosofia Espírita, cada criatura humana é um ser espiritual, mas é também um ser físico ou um ser corporal. A ligação entre o ser espiritual e o ser físico é feita através do períspirito (corpo perispiritual). Desta forma, o ser não é apenas o Espírito, é também o períspirito e o corpo vital.
 
6.3. DEUS
No que tange ao conhecimento do Ser Supremo (Deus), a Doutrina Espírita afirma que quando o nosso Espírito não estiver mais obscurecido pela matéria, teremos condições de penetrar no mistério da divindade. Por enquanto devemos nos contentar com o conhecimento de seus atributos, ou seja, Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo poderoso, e soberanamente justo e bom.
 
7. CONCLUSÃO
metafísica é a ciência das causas primeiras. A Doutrina Espírita fornece-nos subsídios valiosos para a compreensão deste tema. Basta consultarmos as obras básicas da Codificação, principalmente O Livro dos Espíritos
 
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BARRETO, Tobias. Estudos de Filosofia. 2. ed., São Paulo, Grijalbo; Brasília, INL, 1977.
DUROZOI, G. e ROUSSEL, A. Dicionário de Filosofia. Tradução de Marina Appenzeller. Campinas, SP: Papirus, 1993
ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Encyclopaedia Britannica, 1987.
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia, [s.d. p.].
PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo: Paidéia, 1983.
São Paulo, novembro de 2009.
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Agradecimento ao tutor do Estevão do Curso de Filosofia Espírita
Ifevale

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