quarta-feira, 24 de outubro de 2018

SIMBIOSE - COMENSALISMO – PARASITIMO – VAMPIRISMO - ESPIRITUAL



. Segundo a ciência dos irmãos encarnados, entende-se a simbiose como uma associação biológica duradoura entre seres vivos, considerada harmônica e às vezes necessária, com benefícios recíprocos. Ou seja, é uma espécie de parceria, na qual ambos os lados são beneficiados. A simbiose espiritual obedece ao mesmo princípio.

“Nas pesquisas de biologia, observou-se que esse caráter harmônico deriva de necessidades complementares que unem certas espécies. Pelo que se sabe primordialmente tal consórcio era um tipo de comensalismo que, mais tarde, evoluiu para a simbiose. No comensalismo, apenas um dos seres se beneficia, sem prejuízo da outra parte, contudo. Como o tempo, a relação se modificou e se disciplinou biologicamente: o hospedeiro também passou a tirar proveito da relação.”

Depois de uma breve pausa, dando- nos tempo para assimilar os conceitos que transmitia, continuou:
- Do mesmo modo que na natureza física existe a simbiose, também a verificamos entre espíritos do astral e entre encarnados e desencarnados. São associações energéticas regidas por leis análogas àquelas enunciadas pelos estudiosos da biologia. É comum ver espíritos ligados de maneira especial a certas pessoas, as quais têm atendidos com prontidão seus menores caprichos ou as evocações mentais e emocionais mais triviais.

“No entanto”, esses seres que assim procedem, acatando pedidos e servindo aos desejos de outros, recebem em troca as energias vitais de seu hospedeiro, pois que carecem de vitalidade para alimentar as sensações e impressões sobreviventes da última experiência física. A grande maioria dos indivíduos encarnados que vivem tais alianças nem suspeitam, mas seus ‘sócios’ espirituais são almas inferiores, que se juntam aos homens para roubar o tônus vital em proveito próprio ou visando potencializar a ação nefasta e os propósitos mesquinhos a que servem. Persistindo a simbiose, meus filhos, o processo pode converter-se em parasitismo, ligação que prejudica uma das partes envolvidas. Como na biologia, raramente é do interesse do parasita a morte do hospedeiro, de quem retira o sustente, o que faz perdurar o consórcio doentio.

“Dependendo da gravidade e da crueldade com que atua o obsessor, a patologia é caracterizada com vampirismo, caso em que o espírito se torna legítimo vampiro das energias alheias.”

Desta vez fui eu que perguntei curioso:
 - Esses vampiros desencarnados guarda alguma relação com as lendas de vampiros, Conde Drácula e outros mais, de quem falam certos autores terrenos? Sempre me vi fascinado por essas histórias...
- Certamente que tais narrativas são de inspiração espiritual, assim com diversas outras da literatura terrena. Escritores, desdobrados no plano astral, encontram esses seres em desequilíbrios e, ao voltar para o corpo físico, relatam em sua produção literária algo semelhante ao que presenciaram do lado de cá. De acordo com a definição corrente na literatura terrestre, os vampiros são seres que se nutrem de energias roubadas de suas vítimas. No ambiente lendário, o vampiro rouba o sangue, simbolizando vitalidade da qual falamos. Há outros elementos da ficção que também exprimem a realidade: as vampiras disfarçadas de belas mulheres, que estimulam o apetite e as fantasias sexuais para, seduzida a vítima, dar então o bote. A imortalidade e a faculdade de tais seres se tornarem invisíveis, relatadas por alguns autores; todos sugerem claramente a questão espiritual. E poderia citar vários exemplos. Entretanto, ao abordar o fato segundo a ótica da pesquisa astral, vemos espíritos profundamente ligados aos sentidos físicos, que sentem necessidade de vitalidade orgânica para perpetuar sensações de prazer e, por isso, apegam-se aos encarnados. Nesse processo, talvez incompreensível para muitos, os vampiros absorvem do duplo etérico dos homens as energias vitais e ecotplásmicas, que são essenciais para a manutenção da saúde e do vigor dos corpos matérias.

- Nesse caso, os vampiros de energias agem com um objetivo bem definido, inteirados daquilo que fazem? – perguntei.
- Nem sempre, Ângelo, nem sempre. Em sua grande maioria, esses espíritos apenas se aproximam dos encarnados e sugam de modo quase inconsciente as reservas vitais do duplo etérico de meus filhos. Mas é preciso lembrar que não somente no plano astral, como também no físico, existem ladrões de energia. Aliás, na sociedade atual, mais do que nunca, os homens estão cercados deles. E hoje não se vestem de preto, conforme os contos fantásticos dos livros de terror, nem saem mais na calada da noite em busca do pescoço de vítimas inocentes. Tanto no corpo físico quanto fora dele, os vampiros modernos são seres que, para se manter vivos, sentem a necessidade de buscar outras fontes de alimento, passando a sugar a vitalidade e absorver as emoções de outras pessoas. Portanto, é natural concluir que, quando desencarnam, os vampiros apenas transferem domicílio, encontrando um campo de atuação mais vasto, ligeiramente invisível e imperceptível aos sentidos humanos comuns.

-Pelo que entendi de sua fala – principiou Raul – tais seres não roubam apenas vitalidade. Eles sobrevivem também das emoções (11) de suas vítimas...
- Isso é certo, meu filho. Você não ignora que as emoções dão vida e colorido a toda a criação mental. Não podemos esquecer Raul, que toda troca ou intercâmbio energético tem sua base na mente, acima de tudo. Tanto nos homens como nos espíritos, a mente é que promove a renovação, o progresso ou a decadência dos seres. Sob esse prisma, você poderá concluir que, antes de usurpar energias vitais ou haver a troca de emoções, o agente do processo deverá ter obrigatoriedade acreditado em suas próprias necessidades, formando uma imagem mental delas e forjado, assim um clichê nas telas do pensamento. Mas somente isso não basta. Associadas a essa ação puramente mental, as emoções agem dando cor, vida e textura às criações do indivíduo. A partir daí é que a ação mental ganha corpo e consistência, concretizando o ato que se consuma.

- Isso quer dizer que qualquer ação para evitar o roubo das energias vitais primeiramente deve se concentrar na educação do pensamento e das emoções não é?

- Sem dúvida, meu filho – Pai João respondia aos questionamentos com carinho especial, o que nos cativava sobremaneira. – Nós diríamos que educação do pensamento é a fonte de todo o equilíbrio interior.

Depois de uma pequena pausa que nos favoreceu as reflexões, o preto-velho retomou:
- Vamos voltar às nossas observações. Esses seres que sobrevivem das emoções alheias são encontrados de um e outro lado da vida. Talvez o parente, o amigo, o irmão ou qualquer outro familiar possa ser um sugador de emoções; alguém que, mesmo sem plena consciência, venha drenando as energias de meus filhos. Usualmente, que se encontre dentro ou fora do corpo, tal criatura gosta muito de atacar pelo lado emocional e afetivo, ruindo aos poucos as defesas, imunológicas do corpo espiritual daqueles a quem dedica sua atenção. Faz de tudo para despertar comiseração e aproveita a bondade e a boa vontade dos outros para se mostrar infeliz, de modo que, de passo em passo, vai dominando emocionalmente seus alvos. Quando encarnado, lança mão de qualquer recurso, especialmente a chantagem emocional, para realçar sua aparente infelicidade.
Lágrimas provocadas e está pronto para drenar as emoções das vítimas que encontra em seu caminho e que lhe dão atenção. Ao desencarnar, integra-se à imensa legião de seres desequilibrados, muitas vezes já especializados durante a vida física na drenagem energética e no roubo de vitalidade, e são facilmente manipulados por outros espíritos mais experientes na execução de suas ideias e projetos.

- Não deixa de ser um processo obsessivo, em ambos os casos – comentei.

Como se medisse minhas palavras por um instante, Pai João acrescentou:
- Nos cultos de origem africana e nos terreiros de umbanda, nossos irmãos classificam esse tipo de ação energética e espiritual com encosto.  É na verdade um processo de obsessão simples, ainda que, diversas maneiras, prejudique os filhos encarnados.

“Muitos casos de enfermidade enfrentados pelos meus filhos na Terra guardam sua origem nesses processos de drenagem vital realizados por espíritos desprevenidos e ainda apegados aos instintos materiais. Em virtude de a maioria das doenças se iniciar nos corpos astral e etérico, pode-se deduzir que, no futuro, a humanidade dependerá de uma medicina integral, que perceberá o roubo energético, os desgastes, emocionais e a ação dessas almas desajustadas sobre os encarnados como sendo propulsores da maioria das mazelas físicas. Assim sendo, os profissionais da área da saúde poderão trabalhar ao lado de outra equipe experiente, extracorpórea, que se encarregará de orientá-los na abordagem desses processos intricados da energia e da emoção. Mas passemos a exames mais detalhados, meus filhos, que poderão exemplificar o que vimos até aqui.”

Falando assim, Pai João nos conduziu a um local na esfera física onde se reunia um grupo de pessoas, na maior parte, jovens. Era uma espécie de festa particular, na qual os presentes estavam tão envolvidos com bebidas alcoólicas e conversas sem conteúdo apreciável que o ambiente se tornara quase agressivo para nós. Embora na dimensão material houvesse certa limpeza e harmonia na decoração do lugar, além de esmero no trato com os convidados, a atmosfera exalada pelas palavras, emoções e pensamentos, externados após a ingestão das bebidas, fazia com que o aspecto astral fosse desolador. De nossa posição pudemos divisar duas populações distintas: seres encarnados – que se divertiam normalmente, como é provável diriam – ao lado de numerosos desencarnados, que iam e vinha entre as pessoas. Parecia um bando de fantasmas, que perpassava o grupo de indivíduos ou com eles se mancomunava, João Cobú meneou a cabeça, indicando um dos presentes.

- Este é Caio - falou o preto velho. – E ele está aqui com a melhor das intenções; pretende se divertir com os amigos que não vê há alguns anos e os reencontra agora para tomar cerveja e trocar experiências. No entanto, a bebida ingerida pelo nosso amigo produziu um relaxamento intenso, que fez com que seu psiquismo liberasse algumas emoções reprimidas durante muito tempo. Da perspectiva puramente humana, Caio está apenas mais leve mais solto e alegre. Vejamos o que ocorre.

Quando passamos a uma averiguação mais lenta, vimos como dois espíritos se aliavam a Caio, respirando a mesma atmosfera que ele. Era como se ambos estivessem embriagados com o hálito do rapaz, e em conluio, suas mentes se ligavam intimamente uma a outra, num claro processo de natureza mediúnica. Pai João adiantou-se nas explicações:

- Presenciamos um caso clássico de indução espiritual. Esse tipo de consórcio entre desencarnados e encarnados se faz espontaneamente, na maioria das vezes de modo casual, sem qualquer premeditação ou maldade. O espírito vê o indivíduo, isente-lhe a benéfica aura vital, que o atrai, pois lhe dá sensação de bem-estar. Por ressonância vibratória, recebe ligeiro alívio, tanto de suas emoções descontroladas quanto de algum resquício de conflito sobrevivente de seu passado como encarnado. Uma espécie de calor agradável se irradia a partir do corpo vital da vítima; nesse caso, de Caio, que automaticamente passa a sentir alguma angústia, disfarçada pela ação da bebida. Quando saírem desse ambiente e o rapaz estiver a sós – apenas aparentemente sozinho – aflorarão as emoções dele conjugadas às do espírito, que desde já drena sua vitalidade.

Um dos espíritos partiu, deixando Caio na companhia d outro. Desse instante em diante, notamos como intensificou sua ação sobre o rapaz, absorvendo-lhe diretamente do hálito e do plexo solar energias mais materializadas.

- Durante o estado de indução espiritual – continuou falando Pai João - existe a transferência da energia desarmônica do espírito para o indivíduo. Esse processo poderá agravar inúmeros fatos precedentes, fazendo, por exemplo, com que lembranças adormecidas no psiquismo de Caio venham à tona com maior intensidade do que se despertassem de forma espontânea. Isso poderá provocar flashes ideoplásticos em sua mente, acendendo antigos problemas, que ele ainda não está preparado para enfrentar.

-Essa ação aparentemente simples gera sequelas que poderão marcar de forma acentuada a vida do rapaz – acrescentei.

Pai João deu por encerrada as observações junto àquele rupo, mas antes de continuarmos nossa excursão, pediu a um guardião de nosso plano que ficasse ali, a fim de interferir positivamente no caso de Caio, assim que ele apresentasse condições. Prosseguimos a jornada, pois um dos objetivos era o de transmitir nossas considerações aos encarnados; portanto, muito havia ainda a fazer naqueles sítios.

Trecho extraído do Livro Legião – Robson Pinheiro – cap. 2 – Zonas de deterioração

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