domingo, 23 de setembro de 2018

A FRATENIDADE ESSÊNIA


Quando o Governador Planetário encarnou como Jesus d Nazareth, para sua imortal missão sacrificial, outros espíritos, devidamente qualificados, desceram também para auxiliá-lo e preparar-lhe os caminhos. Assim, os familiares, os discípulos, os apóstolos...

Uma das mais marcantes dessas tarefas coube à Fraternidade dos Essênios, que o amparou desde jovem até os últimos instantes de sua tarefa redentora.

João Batista era essênio e, quando desceu para as margens do Alto Jordão, vindo do Mosteiro do Monte Hermon, na Fenícia, para dar cumprimento à sua tarefa de Precursor do Messias, fê-lo atendendo ordens que de há muito aguardava, esperando a sua vez.

Detentores, há séculos, das tradições de sabedoria herdadas dos antepassados, conservavam os essênios, em seus mosteiros nas montanhas palestinas, fenícias e árabes, arquivos preciosos e conhecimentos relacionados com o passado da humanidade; e assim como a Fraternidade dos Profetas Brancos, na legendária Atlântida, apoiou os Missionários Anfion e Antúlio, que ali encarnaram, e a Fratenidade Kobda apoiou os que difundiram as verdades espirituais no Egito e na Mesopotâmia, assim, eles, os Essênios, apoiaram a Jesus, na Palestina.

Conquanto menos numerosos, segundo parecia, seu número, entretanto não era conhecido com exatidão e, se muito reduzida era sua influência nas rodas do Governo, muito profunda e ampla era a que exercia sábios e santos, possuidores de altos poderes espirituais.

Viviam afastados do mundo, como anacoretas, em mosteiros e grutas nos alcantilados circunvizinhos, porque discordavam dos rumos que o clero judaico imprimira aos ensinamentos mosaicos dos quais eles, os essênios, eram os herdeiros diretos e possuíam arquivos autênticos e fiéis.

Segundo eles, as virtudes e a conduta reta dependiam da continência e do domínio das paixões inferiores. Abstinham-se do casamento e adotavam crianças órfãs, como filhos. Viviam em comunidades, desprezando as riquezas, as posições e os bens do mundo. Exigiam a reversão dos bens pessoais à Ordem, por parte dos que desejavam ingressar nela.

Vestiam túnicas brancas ou escuras e quando viajavam não carregavam bagagem nem alforjes, roupas ou objetos de uso porque, por todos os lugares por onde andassem, encontrariam acolhimento por parte de membros da Ordem. Esta exigia que todas as vilas e cidades houvesse um membro da Ordem denominado – O Hospitaleiro – que providenciava a hospedagem dos itinerantes, provendo-os do necessário. Havia cidades como, por exemplo, Jericó, onde grande parte da população pobre e de classe média era filiada a essa Fratenidade.

Os essênios entregavam-se francamente e com a máxima dedicação à prática da caridade ao próximo, mantendo hospitais, abrigos, leprosários, etc., assistindo os necessitados em seus próprios lares, adotando crianças, como já dissemos, mantendo orfanatos, no que, pode-se dizer, agiam como precursores dos futuros cristãos dos primeiros tempos.

Na comunidade, trabalhavam ativamente em suas respectivas profissões e tinham pautas de trabalho a executar periodicamente, fora ou dentro das organizações da Ordem, em bem do próximo.
Não comiam carne, não tinha vícios e viviam sobriamente.

Os que revelavam, faculdades psíquicas eram separados para o exercício do intercâmbio com o mundo espiritual e ao exercício da medicina, empreendendo estudos adequados e viajando diariamente por muitos lugares, sob a design inação de terapeutas, em cuja qualidade consolavam os famintos, curavam os doentes, espalhando as luzes das verdades espirituais e as práticas do atendimento contra obsessores, como hoje em dia são popularizados pelo Espiritismo.
Entre eles havia uma hierarquia altamente respeitada, baseada no saber, na idade e nas virtudes morais, cuja aquisição era obrigatória para todos os filiados à Ordem.

No primeiro ano da iniciação, os aprendizes eram proibidos de praticar suas regras na vida exterior, no lar ou na sociedade a que pertenciam; ao fim desse primeiro ano começavam a tomar parte em alguns atos coletivos, exceto as refeições em comum, às quais só poderiam comparecer dois anos mais tarde, após darem garantias seguras sobre a pureza e a retidão de suas ações, seu espírito de tolerância e sua castidade probatória. No ato da aceitação assumiam o compromisso de servir a Deus, observar a justiça entre os homens e jamais prejudicar o próximo sob qualquer pretexto; apoiar firmemente os que observavam as leis e de agir sempre com boa fé e bondade, sobretudo em relação aos dependentes e servos, “porque o poder”- diziam eles – “vem somente de Deus”. Ao desempenharem qualquer cargo de autoridade deviam exercê-lo sem arrogância e orgulho e jamais tentar distinguir-se dos outros pela ostentação de riqueza, ornamentos e vestuários; amar a verdade e jamais criticar ou acusar alguém, mesmo sob ameaça de morte.

Para julgar uma transgressão grave exigiam a reunião de, pelo menos cem membros adultos, porque a condenação implicava na eliminação das fileiras da Ordem, à qual o faltoso só podia volver após duras e longas expiações e purificações físicas e morais.

Na hierarquia espiritual, após o nome de Deus, o de Moysés era o que merecia maior veneração.
No terreno filosófico ensinavam que o corpo orgânico era destrutível e a matéria transformável e perecível, enquanto que as almas eram individuais, imortais e indestrutíveis, por serem parcelas infinitesimais do Deus Criador e uniam-se aos corpos como prisioneiras, por meio de uma substância fluídica, oriunda da vida universal, que constituía a vida do próprio se (perispírito).

 Após a morte, as almas piedosas habitariam esferas felizes, enquanto que as ímpias eram relegadas a regiões infernais.

Como se vê, difundiam ensinamentos concordantes com a tradição espiritual que vinha de milênios e em muito pouco deferiam daquilo que se ensina hoje nas comunidades espiritualistas.

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É sabido que João Batista era essênio, como essênio eram José de Arimathéa, Nicodemo, a família de Jesus e inúmeros outros que na vida do Mestre desempenharam papéis relevantes, como também o próprio Jesus que conviveu com essa seita, frequentando assiduamente seus mosteiros, enterrados nas montanhas palestinas, onde sempre encontrava ambiente espiritualizado e puro, apto a lhe fornecer as energias de que carecia nos primeiros tempos da preparação para o desempenho de sua transcendente missão.

Mas observe-se que os evangelistas e os apóstolos em geral, como também Jesus, Ele mesmo que, frequentemente, se referia a escribas e fariseus, todos guardaram silêncio a respeito dos essênios, não somente sobre fatos, episódios, circunstâncias quaisquer em que estivessem presentes, participando, mas nem mesmo sobre a existência deles; mas isso se explica porque, sabendo que a comunidade dos essênios merecia a hostilidade do clero judaico, que a considerava herética e rebelde, queriam evitar que sobre ele se desencadeassem maiores perseguições.

Após a morte no Calvário e no decorrer das primeiras décadas, além do trabalho dos apóstolos, foi em grande parte com base nos mosteiros essênios, nas suas organizações assistenciais e no concurso diário e ininterrupto dos Terapeutas, que o cristianismo se difundiu mais rapidamente na Palestina; e, enquanto cooperaram nessa difusão, a comunidade essênias foi se integrando no cristianismo, extinguindo gradativamente suas próprias atividades, o que se completou com o extermínio da nação judaica no ano 117 AD.

Assim como haviam apoiado anteriormente os Nazarenos e os Ebionitas (20), a última atitude pública tomada pelos essênios teve lugar no ano 105, reconhecendo o profeta Elxai, como chefe. Depois correndo o tempo, veio à elevação do suposto messias Bar Cocheba, a revolta geral contra os romanos e a exterminação do povo judaico, em toda a Palestina e em outras províncias romanas.
Os documentos contendo suas tradições religiosas, elaboradas desde o início, ainda ao tempo de Moysés, e conservados por seu discípulo Essen, ao declarar-se a revolta final do povo judeu, foram escondidos em grutas e lugares secretos das montanhas, alguns deles estando sendo agora descobertos nesses lugares, junto ao Mar Morto. (21)

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Capítulo 13 extraído do livro O Redentor de Edgard Armond

(20) Significa pobre, desvalido.
(21) Alguns destes comentários têm base em obras citadas ao fim do livro na bibliografia, sobretudo em Regia o qual, a seu turno, obteve informações, em parte, de essênios, que ainda existiam na Ásia Menor, no século passado; em parte em Flávius Josepho, o historiador judeu agregado ao Estado Maior de Tito Vespasiano, que assistiu a destruição de Jerusalém no ano 70; nascido 4 anos após a morte de Jesus, este autor assegura que a influencia maior dos essênios era no norte da Palestina e nas imediações do Mar Morto. Além destas fontes, pode-se ainda citar Filon de Alexandria, contemporâneo dos acontecimentos e Justus de Tiberíades, todos judeus respeitados e reputados autores.


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