domingo, 8 de outubro de 2017

Julgamentos

Ev. Cap X - Item 10
Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão. (Mt 7:5)


Toda vez que o indivíduo, descredenciado legalmente, procede a um julgamento caracterizado pela  pela impiedade e pela precipitação, realiza de forma inconsciente a projeção da sombra que nele jaz(permanece), desforçando-se(desforrando-se, vingar..) conflito e da imperfeição que lhe são inerentes, submetido como se encontra à sua crueza escravizadora em tentativa de libertar-se.

A delicada questão do julgamento é dos mais complexos desafios que enfrenta a psicologia Profunda, em razão dos inúmeros fatos que se encontram subjacentes no ato, quase sempre perverso, de medir a conduta de outrem com recursos nem sempre próprios de ética, justiça e dignidade.

Analisá-lo, é devassar o inconsciente daquele que se atribui o direito de penetrar na problemática de outrem, embora ignore várias causas difíceis de ser identificadas, porque específicas, mantendo um comportamento, por sua vez, mais danoso, mais credor de correção e censura, do que aquele que no seu próximo pretende punir.

Mediante mecanismos automáticos de liberação das cargas de culpa e medo retidas no inconsciente, o julgador escusa-se(evita)  de desvelar(descobrir) as imperfeições morais que possui, facilmente identificando o mínimo reprochável(que merece ou pode ser repreendido) noutrem. por encontrar-se atribulado por gravames iguais uns e outros muito mais perturbadores.

Estudiosos modernos das propostas neotestamentárias(referente ao Novo Testamento, porção bíblica que insere o período entre o nascimento de Jesus Cristo e a consumação total), examinando o texto em epígrafe sob a óptica de uma teologia mais compatível com os avanços da psicologia Profunda, situam-no entre aqueles que são denominados como os discursos da ira proferidos por Jesus, dentre os quais estão as lamentações a respeito de todos os que desconsideravam a Boa-Nova, e foram chamados de ais... (Ai de vós, escribas e fariseus, etc.)

Esses severos alertas traduzem as reações do Homem-Jesus tomado pela ira santa, aquela que reflete a Sua natureza humana, sem qualquer laivo, no entanto, de ressentimento ou ódio, de menosprezo ou desconsideração pelos indivíduos incursos nas Suas austeras palavras. Ressaltam , isto sim, a grandeza da Sua masculinidade enérgica, que não se detinha diante dos comprometimentos pusilânimes(medrosos) e sofistas(mestres que ensinavam), irônicos e perversos, a fim de despertar-lhes as consciências adormecidas, cindindo a sombra neles predominante por intermédio das austeridade e do chamamento ao dever, ao conhecimento de si mesmos e a reflexões em torno dos  seus limites, de forma que se transformassem em terapia saudável, auxiliando-os em futuros comportamentos.

Era também a maneira vigorosa para dissipar a sombra coletiva que pairava sobre todos os povos vitimado pela prodominâncioa do desconhecimento da sua realidade essencial.

Não poucas vezes Jesus foi convidado a enfrentar esses tecelões da injúria e da desdita alheia, caracterizados pela sordidez da hipocrisia sem disfarce, na qual ocultavam os seus sentimentos reais, sempre prontos para acusar, desferindo golpes impiedosos contra todos aqueles que lhes estivessem sob a injunção da observação perversa.

Hábeis na arte de dissimular as desditas(desventas) interiores, especializavam-se em desvelar nos outros as torpezas morais que os infelicitavam-se e não tinham coragem de enfrentar

É sempre esse o mecanismo oculto que tipifica o acusador contumaz, o justiçador dos outros, o vigia dos deslizes das demais pessoas.

Sentindo-se falidos  interiormente por não poderem superar as atrações morbosas da personalidade enferma, revestem-se de puritanismos e de falsa sabedoria, facultando-se direitos que se atribuem, e tornando-se impiedoroso perseguidores da criaturas sobre as quais projetam aquilo que detestam em si próprios.

Os fariseus celebrizaram-se por essa capacidade sórdida, buscando equipar-se de conhecimentos na Torá e nos demais livros sagrados, como se todas as obras de libertação humana igualmente não merecessem o direito de ser também sagradas, para melhor se imiscuírem(intrometer-se) na observação dos atos que diziam respeito ao próximo, formalistas e ríspidos, não obstante acentuou Jesus em ocasião própria.

Ainda permanece essa conduta soez em todos os segmentos da sociedade, particularmente nos grupamentos religiosos, nos quais aqueles que se sentem incapazes de crescer, por acomodação mental ou incapacidade moral, tornam-se agudos vigias dos irmãos que os ultrapassam e não merece perdão, por estarem libertando-se da sombra que eles ainda não sequer identificaram...

Detalhistas e hábeis na faculdade de confundir, esmeram-se na apresentação externa a que dão excessivo valor, porque se sentem inferiores e pecaminososos, julgando com aspereza e rancor todos quantos os superam em quaisquer valores éticos, morais, espirituais, culturias, de abenegação e beleza.

Jesus jamais os temeu por conhecer-lhes os abismos interiores, a insânia, a jactância(orgulho).

Justa, portanto, a Sua ira, que se apresentava com um caráter de corajosa decisão para não permitir a ingerência de tão perniciosos ficais que se atribuiram o direito e o dever de perturbar Lhe o Ministério que inaugurara.

Essa coragem, que não silenciava em nome da falsa humildade, a que esconde covardia ou omissão, provocava-lhes, como ainda hoje ocorre mais acendrado ódio, levando-os a acionarem armadilhas cada vez mais sutis ou afrontosas, concomitantemente arrebanhando sequazes que permaceiam a soldo da sua infância.

Não se repetem, ainda hoje, as mesmas condutas ardilosas e infamantes?!

O julgamento legal tem raízes nas conquistas da ética e do direito, do desesnvolvimento cultural dos povos e dos homens, concedendo ao réu a opotunidade de defesa enquanto são tomadas providências hábeis para que sejam preservados os seus valores humanos, a  suas conquistas de cidadão.

Essa a diferença entre a conduta da civilização em relação à barbárie, do homem vencedor da sombra em confronto com o mergulhado nela.

Examina-se a conduta infeliz de alguém que cometeu um delito, sem dúvida, mas não perdeu a qualidade de ser humano, requerendo dignidade e misericórdia, por mais hediondo haja sido o seu crime, a fim de não se lhe equiparararem em rudeza e primitivismo os seus julgadores.

O julgamento, porém, que, insensato, arbitrário e contumaz, decorre da inferioridade do opositor, que apenas vê a própria imagem projetada e odeia-a, sedento de destruição para libertar-se do pesado fardo, ferindo a outrem, é covarde e cruel.

A análise do erro é sempre uma necessidade impostergável(inadiável), quando não se faz realizada com perversas intenções de dominação do ego, totalmente divorciada da lei do amor e de caridade. Analisar para auxiliar, para corrigir, para educar, é valiosa contribuição para a construção do ser moral, psicológico e espiritual.

Dessa forma, é inevitável que, toda vez quando se é defrontado pelas ocorrência do cotidiano, o próprio senso crítico e de discernimento proceda a julgamento, examine a atitude, a conduta alheia, não assumindo, porém, a postura de censor(critico), de resonsável pela sociedade que pensaria estar defendendo. A sutileza se encontra em condenação que exige castigo, mas equívico.

Graças a esse comportamento, manifesta-se a maturidade do ser humano, que ora sabe entender o correto em relação ao errado, a ação dignificante em confronto com a reprochável a comparação entre o saudável e patológico.

Jesus, que sabia examinar sem julgar muito menos punir, como consequência viveu sempre muito feliz.

A Sua doutrina é todo um poema de alegria, de libertação dos conflitos, de autoiluminação e de engrandecimento a Deus manifesto em todas as coisas, desde as simples sementes e grãos pequeninos, às aves do Céus, à redes de pescar, aos lírios do campo, ao azeite, à lâmpada, à Mãe- natureza e ao Excelso Pai, a Quem ninguém nunca viu...

Aquele Homem, especial pela própria grandeza e autoridade de que se fazia revestido, as quais Lhe foram concedidas pelo Pai, em todo momento exteriorizava bom humor e alegria, sem vulgaridade; severidade quando necessário, nunca, porém, hostilidade; fazia-se generoso incessantemente, jamais covarde; amigo incomum de todos, não convincente com as suas defecções.

Sabia como desmascarar a hipocrisia e não trepidava em repreender os portadores da dissimulação mesquinha; possuidor, no entanto, do sentimento socorrista para com todos; tornava-se Psicoterapeuta incomparável.

O farisaísmo permanece nos relacionamentos humanos, com as sua várias máscaras, ferindo ou tentando dificultar a marcha dos homens idealistas, daqueles que estão construindo a nova sociedade para o mundo melhor do futuro.

A sombra em projeção torna-se julgamento que a sã conduta e a harmonia psicológica diluem na perfeita identificação dos valores do Self triunfando sobre os caprichos do ego.


Diante dos julgamentos direcionados pelos sentimentos servis e dos julgamentos sistemáticos, considere-se, pois, com cuidado a severa advertência do Homem de Nazaré:

- Hipócritas, tirai primeiro a trave do vosso olho e depois, então, vede como podereis tirar o argueiro do olho do vosso irmão.

Trecho extraído do livro Jesus e o evangelho á luz da psicologia profunda divaldo franco            

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