sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

A LEI DE REPRODUÇÃO


A ordenação biblica - "crescei e multiplicai-vos"- não tem sido, até hoje, bem comprendida por todos.
Os que se atêm à letra das Escrituras, sem penetrar-lhe o espírito, vêem nessas palavras uma lei divina, estabelecendo que a. reprodução das espécies, inclusive a humana, deva ser livre e ilimitada, e que obstá-la seria grave pecado.
Sem dúvida, a reprodução dos seres vivos é lei da natureza e preenche uma necessidade no mecanismo da Evolução; isso não quer dizer, entretanto, seja proibido ao homem adotar certas medidas para a regular. Tudo depende da finalidade que se tenha em vista.
Dado, p. ex., que o desenvolvimento excessivo de determinadas plantas ou animais se revele nocivo e perigoso, pode-se perfeitamente impedir-lhes a reprodução, pois “a ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para restabelecer o equilíbrio entre as forças da natureza”, tal o ensino
que nos chega através de Kardec.

No que tange ao controle da natalidade humana, objeto, hoje, de complexas pesquisas nos campos da Biologia, da Genética, da Farmacologia, da Sociologia, etc, e de acalorados debates entre teólogos e moralistas de várias tendências, a Doutrina Espírita nos autoriza a afirmar que, em havendo razões, realmente justas para isso, pode o homem limitar sua prole, evitando a concepção.
A questão nº 694 do L.E. que estamos estudando diriame todas as dúvidas sobre o assunto, pois condena tachativamente apenas “os usos, cujo efeito consiste em obstar a. reprodução, para satisfação da sensualidade”, deixando claro que pode haver, como de fato há, inúmeros casos em que se faz necessário não só restringir, mas até mesmo evitar qualquer quantidade de filhos.
E preciso se reconheça que o lar não é um estabelecimento destinado a reproduzir seres humanos em série, mas sim um santuário-escola, onde os pais devem pontificar como plasmadores de nobres caracteres, incutindo nos filhos, a par do amor a Deus, uma vivência sadia, pautada nos princípios da Moral e da Justiça, de modo que se tornem elementos úteis a si mesmos, à família e à sociedade.
“O homem se distingue dos animais —disseram ainda os mentores da Codificação — por obrar com conhecimento de causa.” Portanto, o que dele se espera não é apenas que procrie por força do instinto sexual, qual mero reprodutor, mas que, convém repetí-lo, dignifique o nome de pai ou de mãe
com que Deus lhe honra a existência.
Há quem não admita nenhum motivo para a limitação dos filhos, ou seja, o planejamento da família, na suposição de que tal medida se constitua um entrave à lei de progresso, por reduzir as oportunidades de que os desencarnados necessitam para expiar delitos do passado.
Acontece, porém, que, via de regra, esses tais não agem de conformidade com o ponto de vista que defendem, já que eles próprios, “contrariando a lei da natureza”, ao terem um, dois ou três filhinhos, dão-se por satisfeitos e... ficam por aí.
Se raciocinassem um pouquinho, haveriam de compreender outrossim que, se existem tantos seres precisando retornar à Terra, para provações reparadoras, visto se acharem endívidados perante a Justiça Divina, é precisamente porque faltou a muitos, nas encarnações anteriores, a orientação
espiritual que só um lar bem constituído pode oferecer, e que lançar ao mundo proles enfermiças e deficientes, ou físicamente bem dotadas, mas votadas ao abandono, absolutamente não ajuda o adiantamento da Terra, antes o retarda, pois contribui para aumentar o número dos desajustados, dos marginais e dos criminosos de toda sorte, infelizes que, por sua vez, exigiriam outras tantas
oportunidades de reajuste e assim sucessivamente, numa progressão geométrica que não acabaria mais.
“Mais vale prevenir que remediar”, reza um refrão da sabedoria popular, e daí porque• a medicina terrena tende a ser, cada vez mais, preventiva ao invés de curativa.
Porque não haveria de ser assim, também, no universo moral?
O preceito com que abrimos este estudo não determina o fator da multiplicação dos casais, fator esse que pode e deve variar de acordo com arobustez dos genitores (principalmente da mãe, que é a mais sacrificada), seus- recursos econômicos, etc.
Assim, aos olhos de Deus, que julga segundo as intenções de cada um, é preferível ter poucos filhos e fazer  deles homens de bem, a tê-los numerosos, mas abandoná-los àprópria sorte, como acontece amiúde.
Quanto aos casais que evitam ou limitam os filhos, atendendo tão só ao comodismo e quejandos, õbviamente se tornam tanto mais repreensíveis quanto maiores sejam as suas possibilidades de concebê-los, criá-los e educálos.

Extraído do livro A  Leis Morais - Rodolfo Calligaris - cap 16

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